Moacir Beggo
Rio de Janeiro (RJ) – O tema do leigo como sujeito eclesial no 10º dia da Trezena de Santo Antônio no Convento do Largo da Carioca (RJ) e o convite de Jesus para formar sua verdadeira família, segundo o Evangelho do 10º Domingo do Tempo Comum, estavam em sintonia na Celebração Eucarística deste domingo (10/6), às 10 horas. Os fiéis que viram o sol voltar à Cidade Maravilhosa depois de uma semana inteira nublada, ouviram a mensagem que o sujeito da evangelização é todo o povo de Deus, a Igreja. Ela não pode perder de vista o serviço e o testemunho missionário.
O presidente Frei José Pereira teve como concelebrantes Frei Guido Scottini e Frei Odécio Lima. Para a pregação deste dia da Trezena, Frei José explicou aos fiéis presentes que estamos no “Ano do Laicato” e que convidou a Ministra da Fraternidade Convento Santo Antônio da Ordem Franciscana Secular, Moema Miranda, e a vice-Ministra, Patrícia de Moraes, para falarem sobre o tema dos leigos na Igreja.
Segundo definição de São João Paulo 2º, a Ordem Franciscana Secular é a mais antiga forma de organização de leigos que, guiados pela Igreja, unidos em fraternidade e inspirando-se no ideal de São Francisco de Assis, se empenham em testemunhar com a vida o evangelho de Jesus Cristo e se dedicam ao apostolado no estado laical.
Frei José explicou que os franciscanos seculares constituem uma verdadeira Ordem na Igreja, assim como os Frades Menores (1ª Ordem) e as Clarissas (2ª Ordem). “É uma Ordem com toda a mística franciscana. Moema e Patrícia participaram ativamente do temário da Trezena”, adiantou Frei José, que colocou nas preces o “Dia de Portugal”.
Patrícia, que é mestra em Teologia Bíblica, partiu do Evangelho de Marcos, onde Jesus é confrontado pelos doutores da Lei e questionado pelos parentes de Jesus como um fora de si, para chegar ao tema dos leigos. “Neste Evangelho, Jesus não está menosprezando a família, mas está dizendo que todo aquele que segue o projeto de Deus, a sua Palavra, é quem está com Jesus. É esse que está ao seu lado que constitui a sua comunidade”, disse.
Segundo Patrícia, os leigos são cristãos que vivem essa comunhão e têm uma missão especial na Igreja e na sociedade. Pelo múnus do batismo, receberam essa vocação de viver intensamente a serviço do Reino de Deus. “Então, o leigo tem o papel preponderante porque é aquele que está inserido na comunidade, inserido na vida social, no trabalho, na família, na escola, em todos os lugares”, explicou, enfatizando que o leigo faz a sua parte mas sempre em comunhão com a Igreja, com essa comunidade de Deus como um todo.
Patrícia de Moraes, vice-Ministra da Fraternidade do Convento Santo Antônio da OFS
Santo Antônio, observou Patrícia, ensina aos leigos e religiosos que o principal testemunho que podem dar, onde estiverem inseridos, é sem dúvida levar o Evangelho através de suas atitudes, de suas palavras, de suas ações. “Às vezes uma atitude vale mais do que palavras e nós, franciscanos, precisamos mais ainda mostrar isso”, ressalvou.
COLOCAR-SE A SERVIÇO
Moema Miranda fez sua reflexão a partir de duas ideias: Santo Antônio se coloca a serviço de um projeto que é maior do que ele. “No início, ele queria o martírio. Mas não veio da forma como ele pensava, da forma com que ele planejou. Ele entrou para o convento, mudou para outro convento, encontrou com os frades franciscanos, acabou pelos caminhos de Deus chegando a Pádua”, recordou. “Quantas vezes nós queremos levar a Palavra de Deus a partir da nossa referência, a partir do que planejamos para a nossa vida. E é importante que a gente planeje a vida, mas é importante que a gente seja capaz de oboedire (= escutar), de obedecer a uma voz que é maior do que nós mesmos”, indicou.
Moema Miranda, Ministra da Fraternidade do Convento Santo Antônio da OFS
Depois, para ela, é preciso se colocar a serviço no mundo. “Hoje nós estamos vivendo num mundo tão sofrido, tão doloroso, num mundo em que a Mãe Terra sofre e chora com a gente, num mundo em que cada um de nós sofre e chora angústias, desesperos, dificuldades. Santo Antônio é esse santo da misericórdia, da possibilidade, da conciliação, esse santo do amor, da compreensão e da ternura nas dificuldades. Todos e cada um de nós devemos ser diplomatas, corteses, gentis uns com os outros, gentis com as nossas dores e sofrimentos, mas gentis com cada um de nós que busca o caminho. Santo Antônio é essa inspiração que a gente inspira para atuar”, descreveu.
“Nós, leigos e leigas, somos alimentados pela comunidade dos irmãos, alimentados pela sabedoria dos freis, dos padres, bispos e hoje pela sabedoria do Papa Francisco, que nos pede para que sejamos ‘uma Igreja em saída’. É melhor que estejamos sujos e cansados do caminho feito levando essa mensagem, do que estejamos num lugar de segurança que hoje não existe mais. O mundo nos chama e Santo Antônio, nosso Padroeiro, é nosso apoio, é nossa garantia de que se esse caminho for feito escutando a Palavra de Deus, será um caminho de congraçamento, de encontro, de união”, completou Moema.
Nesta segunda-feira, 11º dia da Trezena, Frei Almir Guimarães será o pregador do tema “Santo Antônio e a Igreja como sacramento de salvação.