Rio de Janeiro (RJ) – A paixão de Jesus foi o tema do oitavo dia da Trezena de Santo Antônio do Convento do Largo da Carioca, nesta sexta-feira, 7 de junho. O vigário do Convento, Frei Adriano Freixo Pinto, foi apresentado pelo guardião Frei José Pereira como o pregador deste dia e presidente da Celebração Eucarística das 12 horas. Frei José lembrou que Frei Adriano se ordenou presbítero há 14 anos e é natural de São Gonçalo, no Rio de Janeiro.

Nas suas primeiras palavras, Frei Adriano recordou esta primeira sexta-feira do mês como o dia de consagração ao Sagrado Coração de Jesus, um coração apaixonado pelo ser humano, apaixonado pelos sofredores. “A paixão de Jesus por nós, pelo Pai, pelos sofredores, deve ser também a nossa paixão. Vamos consagrar nossa vida ao Sagrado Coração de Jesus”, pediu o celebrante.

Antes de entrar no tema propriamente dito, Frei Adriano explicou a diferença entre sermão e homilia e entre Jesus e Cristo. “Antigamente só se falava em sermão. No sermão, o padre pode pegar o tema que quiser. Eu poderia fazer um sermão aqui sobre o contexto nacional, poderia abordar o tema da família. Já na homilia você se fixa nas leituras da Palavra de Deus. O Sermão não precisa ficar preso às leituras bíblicas”, explicou. Ele também lembrou que Jesus é o nome histórico do homem de Nazaré, do filho de Maria. “Quando falamos em Cristo, estamos lembrando do Salvador, do Messias, esse ser humano que tinha uma missão divina, salvadora”, acrescentou.

“Às vezes corremos o risco de esquecer que Ele foi um de nós, que Ele sentiu dor, fome, sede, angústia e teve o seu momento de uma certa raiva, quando pegou o chicote e expulsou os vendilhões do templo. Isso é muito bom lembrarmos quando numa Trezena se fala da paixão de Jesus, porque nós estamos falando de uma realidade que pertence a todos nós. Nós também temos as nossas paixões”, situou o frade.

Frei Adriano, então, provocou os fiéis devotos desta sexta-feira: Qual é a paixão de sua vida? O que te move? Segundo ele, paixão é uma força que atravessa a vida de uma maneira um pouco descontrolada. “Por isso que quando alguém se apaixona por outra pessoa, só fica pensando nela. Quando você se apaixona, esquece de você mesmo. Não é assim?”, exemplificou.

Para ele, a pessoa por quem se apaixona ou a realidade – porque também se apaixona por uma determinada situação – te domina, é maior do que a pessoa. “A paixão de Jesus era o ser humano. Jesus não pensava nele. Ele pensava no Pai, na missão que recebeu do Pai, que é amar o ser humano”, disse.

Segundo o frade, essa paixão fazia Jesus pensar o tempo inteiro no ser humano. “Ele só pensava em amar, amar, em acolher, em perdoar. Foi isso que ele ensinou. Foi esse o mandamento que ele deixou para nós. Ele não queria que a gente fizesse outra coisa senão ‘amai-vos uns aos outros como eu vos amei’. Era isso que movia Jesus. Era essa a paixão de Jesus”, enfatizou, acrescentando que essa paixão de Jesus pela humanidade o levou à morte de cruz.

E foi justamente isso que Santo Antônio pregava nos seus Sermões quando ele falava da paixão de Jesus. “Só que Santo Antônio não usava a palavra paixão, mas ele falava em misericórdia. E hoje, primeira sexta-feira do mês, quando nós lembramos o Sagrado Coração de Jesus, a gente também diz que era um coração misericordioso, que acolhia e sentia a nossa miséria, porque era um coração apaixonado por nós”, insistiu.

“Então, queridos irmãos e irmãs, qual é a paixão de nossa vida? O que move a gente? O que atravessa a nossa vida e faz a gente só pensar nisso?”, perguntou Frei Adriano. “Precisa ser o amor, precisa ser a misericórdia, porque foi isso que Santo Antônio pregava nos seus sermões. Ele olhava para Jesus, olhava para a paixão de Jesus por nós, e pedia para que as pessoas vivessem essa paixão, paixão de Jesus, paixão do ser humano, porque Jesus foi um ser humano como nós e tudo que acontece conosco Jesus sabe. Então, a gente não precisa ficar sem esperança na vida. A gente não precisa ficar abatido, desanimado, de cabeça baixa, sem perspectiva. Saiba que a sua carne, o seu osso, a sua fragilidade, o seu cansaço, Jesus sabe de tudo isso porque ele viveu uma vida apaixonada por nós. Tenhamos nós, também, uma vida apaixonada. Uma vida cheia de paixão. Sem desanimar. Isso que é o bonito da vida. Que alguma paixão nos mova para que a vida tenha sabor e que essa paixão seja a paixão pelo próximo, seja um coração apaixonado!”, completou.

Neste sábado, a Trezena de Santo Antônio chega ao nono dia e será celebrada na Missa das 10 horas, tendo como tema “Santo Antônio e as Algemas da Vida”.


Moacir Beggo