Viver o pão da caridade como Santo Antônio

10/06/2023

Um tema muito caro a Santo Antônio fez parte do 11º Dia da Trezena de Santo Antônio neste sábado, 10 de junho, no Convento do Largo da Carioca: “Santo Antônio do pão e da caridade!”

O pregador da Trezena, Frei Gabriel Dellandrea, que é frade animador do Serviço Vocacional da Província da Imaculada presidiu a Eucaristia, às 10 horas, e teve como concelebrantes Frei José Pereira e Frei Guido Scottini.

A liturgia contou com os cantos do “Coral Canto de Rua”, que é uma iniciativa da Pastoral do Povo da Rua da cidade do Rio de Janeiro e tem como objetivo transformar a qualidade de vida da população em situação de rua.

Frei Gabriel iniciou explicando que a bandeira de Portugal na procissão de entrada não era para homenagear  Santo Antônio, mas a sua terra, porque hoje se celebra em Portugal o Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas.

Frei Gabriel abriu sua pregação colocando a seguinte situação: “Imaginem se eu desse um presente para vocês, mas pedisse de volta depois, não ficaria uma situação estranha? Como assim, deu o presente e depois se arrependeu?”, disse. “Pois então, a dinâmica de Deus é justamente essa: ele nos dá a nossa vocação, os nossos dons, e pede-nos de volta. Isso porque Ele sabe que para nós nos sentirmos realizados em nossa vida, não podemos viver só para nós mesmos. A nossa vocação, os nossos dons, devem ser partilhados”, ensinou. “É por isso que nós, cristãos, entendemos nossa vida assim, como serviço”, emendou.

Para o frade, comentando o Evangelho, Jesus se admira com a viúva que deu o pouco que tinha a Deus. “Ela já está nessa dinâmica de entender a sua vida como um presente dado por Deus e que deve ser ofertado de volta a Ele. Por isso, sem reservas, ela se entrega por inteiro diante daquele Senhor que a deu tudo. Jesus se admira com a mesquinharia dos Doutores da Lei que, ao invés de serem generosos, eram egoístas, queriam a honra para si e não para Deus”, explicou o pregador.

Segundo ele, nós todos corremos esse risco. “Por vezes somos apegados a bens, a ideias, a preconceitos, a coisas que não nos ajudam a sair do lugar. Ficamos no egoísmo de nossas vidas sem partilhar um pouco da nossa vocação, dos nossos dons, dos nossos talentos, com os outros. E isso pode ser feito numa missão da Igreja, num projeto de voluntariado, numa experiência de caridade…”, observou.

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“A viúva não ofereceu só dinheiro, mas tudo o que tinha. Essa é a dinâmica que devemos realizar enquanto cristãos. O presente que recebemos de Deus, a nossa vocação, os nossos dons, devemos partilhar com Deus e os irmãos. Só faz sentido a nossa vida se oferecermos tudo o que temos”, disse, lembrando que os coralistas oferecem suas vozes como dons. Servem a liturgia com o que têm. “Cada um de vocês oferece aqui a sua presença, a sua vocação e o seu amor a Santo Antônio. E fazemos por amor. Só poderemos oferecer tudo o que temos se amamos a Deus e queremos oferecer. Ao contrário, seremos egoístas pensando em nós mesmos”, ressaltou.

Ele citou o poeta Luís de Camões, o português que escreveu o clássico “Os Lusíadas”, que diz assim: “O amor é fogo que arde sem se ver/ é ferida que dói, e não se sente;/ é um contentamento descontente,/ é dor que desatina sem doer/ É querer estar preso por vontade”.

E Frei Gabriel perguntou: “Alguém daqui gosta de estar preso? Lá no Sul, com muito frio, a gente tem de dormir com muita roupa, todo amarrado. Eu não gosto. Mas quando nós entendemos a dinâmica de Deus, queremos nos prender a esse amor e como a viúva do Evangelho, oferecermos tudo o que temos”.

Para o frade, Santo Antônio indica uma nova postura: “Ele entendia que sua vida era um serviço total a Deus e por isso se entregava por inteiro em tudo o que fazia. Se era para rezar, rezava com disposição total. Se era para trabalhar, não media esforços. Passava horas estudando, servindo, ouvindo, ajudando”.

O pregador contou que quando era criança, não entendia por que o pãozinho de Santo Antônio não tinha uma salsicha, por exemplo. “Com o tempo percebi que este pão não é só para alimentar, ele é símbolo. Todos nós temos símbolos. E esses pãezinhos nos pés da imagem de Santo Antônio simbolizam um grande homem que soube partilhar sua vida e seus pães”, ensinou, contando a seguinte história: “Em certa ocasião bateu às portas do convento uma pessoa que necessitava de pão para comer. Antônio foi até a cozinha e viu no cesto apenas um pão, e já estava na hora da refeição. Mas, mesmo assim, pegou o pão e deu ao necessitado. O guardião viu a cena e ficou preocupado, pois faltaria o alimento para os frades. Mas Antônio, com muita devoção, sentiu que nada faltaria. Por isso, foi até a cozinha e levantou o pano que cobria o cesto e onde antes estava vazio, milagrosamente, apareceram pães ainda mais gostosos”.

E Frei Gabriel completou: “Sua vocação foi totalmente dedicada a alimentar quem tem fome de Deus. A sua vocação só teve sentido quando ela se doou por inteiro. Assim como Santo Antônio nós também queremos viver o pão da caridade. Esse pão é símbolo. Quando nós nos alimentamos dele, alimentamos da vontade também de alimentar os nossos irmãos com nossos dons”.

“Quem é capaz de se doar por inteiro e entende sua vida como um gesto de amor, é alimentado por novos e mais deliciosos dons. Ter em nossa mente a preocupação de fazer o bem, fazer o que é certo nos ajuda a servir a Deus oferecendo a nossa vida como gesto concreto. Nós não queremos esconder nossos dons, mas mesmo que sejam poucos, vamos oferecer a Deus, e ele multiplicará o que ofertamos!”, enfatizou.

Ele fechou sua pregação com um poema de seu confrade, Frei Rui Guido Depiné, que faleceu no dia 12 de junho de 2020, com o título “O Caminho do Pão”, e foi muito aplaudido.

Felizes aqueles que preparam a terra.

Felizes os que lavram o chão.

Felizes os que semeiam a semente.

Felizes os que cuidam da plantação.

Felizes os que produzem o trigo.

Felizes os que semeiam as espigas.

Felizes os que transportam a colheita.

Felizes os que moem o grão.

Felizes aqueles que o transformam em alimento.

Muito mais felizes aqueles que repartem seu pão.

Neste domingo (11/6), no 12º dia, o tema da Trezena “Santo Antônio: um religioso como exemplo de sim a Deus!”, na Missa das 10h.

CARREATA E PARTILHA DO BOLO

O Santo mais querido do mundo inteiro, Santo Antônio deixou o seu Convento no Largo da Carioca, neste sábado, e foi experimentar a sua popularidade exatamente no local que concentra as ruas mais tumultuadas do Rio de Janeiro: o Saara. Ao contrário do deserto, onde só se ouve o vento, no centro histórico da Cidade Maravilhosa, assim como na 25 de Março, em São Paulo, quem grita mais vende mais.

O Saara é uma sigla que significa: Sociedade de Amigos das Adjacências da Rua da Alfândega, formada pelas ruas: dos Andradas, Buenos Aires, Uruguaiana, Senhor dos Passos, Praça da República, Regente Feijó e da Alfândega.

Segundo Frei Gustavo Medella, desde o dia 31 de maio, quando teve início a Trezena, a Imagem Peregrina de Santo Antônio está visitando especialmente a vizinhança do Convento mais antigo do Rio de Janeiro.

Essa região central não poderia ficar de fora do programa, explicou o frade. “Esse é o objetivo, ir ao encontro das pessoas, como fazia Santo Antônio no seu tempo. Ver as pessoas acenando nas ruas enquanto a imagem percorria as ruas do comércio, ver a devoção das pessoas é sempre emocionante. E o povo carioca aplaudiu o dono da sua querida e mais antiga festa popular”, disse Frei Gustavo Medella.

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A carreta retornou para o Largo da Carioca, onde o aniversariante, o Convento Santo Antônio, ganhou um bolo gigante com as velinhas de sua idade: 415 anos. Coube ao Ministro Provincial, Frei Paulo Roberto Pereira, e o presidente da Sociedade dos Amigos da Rua da Carioca e Adjacências (SARCA), sr. Roberto Coury, cortarem o bolo, que foi distribuído para o povo com vivas e “Parabéns”. A 1ª Carreata de Santo Antônio contou com o apoio da Polícia Militar, da Guarda Municipal, da Fecomércio e suas entidades e foi promovida em parceria com a SARCA. No apoio do carro de som, o sonoplasta e comunicador Toninho Bondade.

Neste domingo, a Imagem Peregrina, vai visitar a Rádio Tupi, o Cristo Redentor, a Capela Nossa Senhora dos Anjos, das Irmãs Clarissas, na Gávea, e a Paróquia Nossa Senhora da Boa Viagem, na Rocinha, onde está a outra Fraternidade Franciscana desta Província.

O CANTO DA RUA

Tânia Ramos, coordenadora da Pastoral Povo da Rua, explicou que o Coral Canto da Rua foi fundado há sete anos. “Nós inauguramos aqui, na Missa do Meio Ambiente, há sete anos. Para a gente é muita alegria estar aqui, embora estivemos outras vezes, mas cantando solenemente é a segunda vez. Para a gente está sendo um momento de muita fé também, porque cada um, que cada uma, professa a sua fé. Não é porque esse povo já viveu na rua que tenha se afastado de Deus. Pelo contrário, está até mais perto. Porque através da música a gente reconhece Deus, a pessoa de Jesus Cristo, assim como o Frei falou, que Jesu veio para os mais pobres. Então, o povo que aqui canta hoje, cada um representa esse Cristo vivo no meio de nós”, disse.

Segundo Tânia, o Coral nasceu durante a Olimpíadas no Rio, através do projeto social de uma Ong de Londres que tinha por objetivo fazer com que o povo que estava na rua não ficasse invisível. “Então, veio toda a mobilização e, na Catedral Metropolitana, onde a gente ainda ensaia, muita gente se apresentou. Fizemos uma roda de conversa e muitos aceitaram a proposta e estão desde o começo no Coral. A gente tem uma gama de sucessos em volta dessa proposta que foi o Coral. Mas como era um projeto, acabou. Aí a gente falou: Vamos continuar. O Vicariato da Caridade Social e da Pastoral do Povo de Rua abraçaram esse projeto”, contou. Nesta apresentação, Vítor foi o maestro e Robson Almeida Alves, que é tenor do Teatro Municipal, o organista.

PROGRAME-SE

No dia 13 de junho, dia do Santo, serão celebradas missas a partir das 6h, com bênçãos, distribuição dos pães e barracas com todas as comidas típicas das comemorações juninas. A expectativa é de que um grande número de fiéis, tanto do Rio quanto de outras localidades, passe pelo Convento neste período de Trezena e Festa.

As Missas e bênçãos no Convento Santo Antônio terão os seguintes horários: 6h, 8h, 10h, 12h, 15h e 18h, ficando para as 11h a Missa de Santo Antônio no Santuário do Cristo Redentor, com bênção e distribuição dos pães.


Equipe de Comunicação da Província da Imaculada 

 

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