Rio de Janeiro (RJ) – O mestre em espiritualidade franciscana, Frei Vitorio Mazzuco Filho, deixou a Universidade São Francisco, onde trabalha em Bragança Paulista, para emocionar os devotos de Santo Antônio do Convento do Largo da Carioca, durante o encerramento da Trezena do Padroeiro, ao falar sobre o amor no Dia dos Namorados, 12 de junho.

Depois de preparar o coração dos fiéis presentes na Celebração Eucarística do meio-dia, com uma homilia onde deixou bem claro que “quem não ama não sabe quem é Deus!”, o frade pediu a todos para cantarem com ele, logo após a consagração, a música “Como é grande o meu amor por você”, um megassucesso de Roberto Carlos, que emociona sempre e não foi diferente nesta celebração. Na oração do Pai Nosso, Frei Vitorio foi para o meio do povo e todos, de mãos dadas, rezaram e apertaram fortemente as mãos como um gesto do abraço da paz.

“A vida de um santo é também a nossa vida; na sua história encontramos a nossa história. Assim, se Antônio tivesse que narrar para nós as ondas e tempestades que sentiu no coração durante toda a sua vida, sem dúvida poderíamos nos identificar com ele. Eis que imagino dando um salto para mergulhar em sua vida: vejo-me logo imerso nos batimentos cardíacos que dele se apossaram ao pensar no encontro com Francisco. Sim, aqueles momentos em que o espírito voa mais veloz que o corpo e chega a lugares e momentos tão distantes”.

Com essas palavras de Domenico Agasso Jr, em seu livro, “Santo Antônio de Pádua por onde passa, entusiasma”, Frei Vitorio começou a sua reflexão no 13º dia da Trezena de Santo Antônio. “Porque é exatamente isso que acontece: a nossa vida é identificada com a vida do santo. O Santo é uma pessoa humana que teve uma vida como a nossa, apenas ele soube  elevá-la num patamar acima, através de uma coerência de amor, cuidado, fé e zelo”, introduziu o pregador.

Segundo ele, a vida de um santo é a nossa história, porque ela também foi feita de momentos difíceis, de momentos de glória, de cruz e de elevação:  “É como diz o autor: ele sentiu ondas e tempestades. Mas são momentos também onde os batimentos cardíacos aumentam. Quem de nós não tem um amor ao santo tão grande que nosso coração começa a bater de modo muito especial, por amor, fé, por aquilo que nós acreditamos?”.

Referindo-se ao tema do dia, disse que é importante falarmos de “Santo Antônio e o Amor”, porque o amor é santo! “Todo amor é sagrado. É uma força interior, uma potência de emoção, sentimento, esperança e fé, afeto, carinho e presença. E todos nós que estamos aqui por um grandioso amor, e por saber que este amor é sagrado, estamos aos pés do Senhor e aos pés do santo. O Amor é a própria imagem real do Divino. “Deus é Amor” (1Jo 4,8). Deus só pode ser percebido na nossa capacidade de amar. E o santo tem uma capacidade grandiosa de amar que se eterniza no tempo. Mesmo as pessoas que estão aqui e perderam em sua vida a pessoa amada, sabem que o amor é essa imagem real e eterna e está presente em toda essa capacidade de amar que atravessa o tempo. A força sagrada do amor nos coloca hoje aos pés de Santo Antônio”, confortou.

Para Frei Vitório, a escolha do tema no Dia dos Namorados, faz com que as pessoas façam valer o afeto, as energias do amor. “Hoje, nós devíamos pedir a ele, de um modo muito especial, que ele abençoe todos os que se amam”, ressaltou.

Segundo o pregador, se homens e mulheres se amassem intensamente, verdadeiramente, este mundo seria totalmente diferente! “Não é verdade? Este deve ser o sentido de nosso encontro com o Santo! Todo relacionamento é a imagem de Deus! No Amor existe uma experiência transcendente. É como se nós elevássemos a nossa vida do chão da existência e fizéssemos essa conexão com o céu. Quem não ama não sabe quem é Deus!”, frisou.

“Por isso Santo Antônio é um santo que espalha muito amor. Ele é um santo que transparece muito amor. Ele até se escondeu por detrás de toda a sua capacidade intelectual para aparecer desse modo simples: apenas esse amante de Deus e amante de todas as pessoas. E Deus também se escondeu atrás de Santo Antônio para deixar transparecer, através de dele, um grande amor. E todos nós que viemos aqui aos pés do santo, subimos as escadas do Convento – esta trezena tem mais três séculos de tradição -, temos uma história de um povo que sobe com amor a este Santuário para beber na fonte do amor mais puro, que é o amor de Deus, o amor do Santo e o amor que palpita no coração de cada um”, detalhou.

Frei Vitório explicou que não adoramos imagens, mas elas são espelhos transparentes de uma reverência, de uma veneração. “Olhem para a imagem de Santo Antônio: bondade, leveza, ternura, bênção e beleza. A leveza  é o jeito de ser de  Santo Antônio. Nenhuma agressividade. Nenhuma força brutal, serenidade, tranquilidade. Esse é o jeito que temos que colocar em nossa vida para que o amor possa fluir naturalmente”, pediu.

“Que carinho este povo tem por ele! Tudo isto deve nos ensinar que não podemos ter medo e nem nos privar de gestos carinhosos de Amor. A pessoa que não ama, tem gestos rudes e bruscos. Não tem sensibilidade. Tudo nos ensina que nós não podemos nos privar de ter gestos carinhosos, gestos carinhosos de amor. Por isso, Santo Antônio é o santo que recupera, que reconstrói, que revitaliza em nós sensibilidade. O Amor põe a alma na pele, o beijo na prece e transmite o espírito em cada toque”, continuou

“Quem ama coloca o coração nas mãos. É muito diferente ser tocado por uma pessoa que tem o coração nas mãos. É a mesma coisa que ser tocado por Deus. Agora, quando nós tocamos o santo não estamos fazendo simplesmente um gesto mecânico. Um gesto de reverência, porque naquele momento nós sentimos o toque de Deus em nossa vida. Por isso, não vamos nunca nos privar de um abraço puro, um beijo sincero, que dentro da liturgia era o ósculo da paz e se transformou em abraço da paz. Não vamos nos privar de gestos de carinho. Olhem para Santo Antônio. É isso que ele quer da humanidade. Não uma humanidade agressiva, que se digladia em ideologias, em violência, em julgamentos. O mundo de hoje precisa de Santo Antônio, precisa de seu amor, para inspirar, para iluminar o nosso amor!”, ensinou.

Frei Vitório pediu para os fiéis olharem para o andar do Padroeiro, e chamou a atenção pelas flores e enfeites. “Cobrimos o andor e os altares de flores porque elas simbolizam nossas riquezas pessoais que se unem para criar harmonia.  Hoje, quando vinha para cá, vi pessoas com buquês nas mãos para levar para a amada e para o amado. No Oriente, no dia do casamento, a mulher recebe uma coroa de flores como a coroa que está aqui na cabeça de nossa irmã. As noivas entram com buquê de flores. Nós oferecemos vasos de flores. Elas simbolizam as riquezas mais lindas e pessoais para instaurar harmonia”, explicou.

“Sintam, neste momento, nesta Trezena, a força deste momento aqui neste Convento-Santuário! Amar é aprender a lidar com as boas energias do Amor! É função nossa salvar o mundo e as pessoas, mas salvar o mundo e as pessoas começa pelo próprio coração. Por isso nós viemos aqui pedir a bênção de Santo Antônio. A presença dele, o jeitinho dele para o nosso coração.  Coloque mais amor dentro do seu coração e faça este amor sair para fora, nos seus gestos, na sua fala, no seu toque, assim você vai estar fazendo algo de grandioso para o mundo. O mundo precisa de muito amor!”, voltou a pedir.

“Vejam as doações nesta festa! Todos dizem que o Amor é entrega, doação e generosidade; mas em Santo Antônio o amor é oferenda! Na oferenda, o nosso Amor se derrete e se espalha para dentro de alguém! No amor, cada um dá o mais bonito de si próprio! É isso que nós temos de aprender nesse 13º dia da Trezena”, propôs.

No final da homilia, Frei Vitorio pediu que as melhores energias de amor estejam com todas as pessoas que se amam. “As pessoas que estão no estado de vida matrimonial, as pessoas que estão no estado de vida da viuvez e que conviveram e experimentaram a beleza de uma vida a dois, as pessoas que estão no estado de vida do namoro, do noivado, as pessoas que estão preparando a vida para unir forças, unir histórias. Todos vêm hoje para a bênção de Santo Antônio. O amor não é uma abstração. Ele é alguém, uma pessoa, ele toma forma num corpo. O amor de Deus toma forma nos seus santos e santas, mas ele toma forma em nós, quando nós fazemos esse encontro de amor e fé. Que Santo Antônio nos proteja, nos abençoe, nos ensine a amar!”, completou.

Neste dia 13 de junho, Dia de Santo Antônio e do Padroeiro do Largo da Carioca, o Convento abrirá as portas logo cedo para a primeira Missa às 6 horas. Depois haverá missas às 8, 10, 12, 15 e 18 horas. Os frades também estarão dando a bênção durante todo o dia. O Ministro Provincial, Frei César Külkamp, preside a Santa Missa às 10 horas.


Moacir Beggo