Vocacional - Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil - OFM

Vida fraterna – I

05/03/2021

 

A nossa tarefa é refletir sobre a Vida fraterna. Na reflexão tomamos a sério a ação de voltar-se sobre nós para pensar. E só pensar e nada mais. Pensar é deixar livre o nosso olhar na plena atenção da sua capacidade nasciva (como recebemos ao nascer da mão de Deus) de captar, discernir e avaliar a situação em que nos achamos. É, pois, ver. Portanto, muita atenção! Não é censurar-se, angustiar-se, corrigir-se (como pode se corrigir, se nem sequer consegue se ver?), não é sentir-se, ter-se em vivência, seja de que tipo for. É olhar-se e se ver. É só isso. Na reflexão, todo o empenho é trabalhar para olhar-se e se ver. Insistamos: o olhar-se e se ver somente é de decisiva importância, não para se censurar, para se corrigir, sentir-se, buscar vivências, mas para com atenção, com empenho, com boa vontade firme e cordial, concentrar-se para apreender a própria realidade da nossa situação. No nosso caso: situação da vida fraterna. Porque se trata de trabalho, é que devemos nos concentrar. Sim, aprender a nos concentrar. Aprender a trabalhar no árduo e dificílimo trabalho de olhar-nos e nos ver. É estranho que por nós a “vida espiritual” não seja considerada como trabalho. Achamos que definir a vida espiritual como trabalho é banalizar uma coisa tão íntima, sublime. P. ex. dizemos usualmente que o retiro é tempo forte de oração e de união com Deus. Deus nos livre de considerar coisas tão pessoais e vivenciais como trabalho! Mas por que será que o que vivenciamos no ponto alto das nossas vivências não vinga, nem dura um mês, nada transforma realmente? E surge então a pergunta: se o retiro é tempo forte de oração e de união com Deus, o cotidiano, os dias, todos os dias, cada momento da minha vida não é tempo de oração nem de intimidade com Deus. Querer recuperar o que não trabalha na maior parte do nosso viver, numa semana só com o esforço de vivenciar, de se sentir con-vertido é parecido com o doente, que não cuida em tomar todos os dias o seu remédio e fazer o seu exercício recomendado, e querer aprender a fazer isso, internando-se num hospital. É como um estudante que não estuda, nem se empenha nas aulas do semestre, e se mata para numa semana se empenhar e se concentrar para passar de exame, e depois que passou, continua não estudando a querer entender que o estudo, o trabalho não é sentir, vivenciar, converter-se, chorar que não fez bem, vibrar que teve umas experiências momentâneas, mas levar mais a sério e com senso de responsabilidade o que por profissão, por vocação dizemos ser nossa tarefa. É que nós há anos fazemos retiro, rezamos todos os dias, e continuamente ficamos a nos censurar que não fazemos bem, porque não temos gosto, nem entusiasmo, nem sentimos, nem vivenciamos a oração, a vida fraterna etc. Por que a gente, sempre de novo repete a mesma maneira de agir? Faz retiro, “se converte” para no máximo permanecer na conversão por 15 dias? E não olhamos, nem vemos a nós mesmos que a maneira de nos trabalhar, a maneira de nos empenhar no trabalho do nosso crescimento, da nossa maturação na vida religiosa é mal feita. Ou nem sequer nos damos conta de que o nosso modo de olhar-nos e nos ver e o nosso modo de trabalhar e compreender de que tipo de trabalho é esse, o da vida religiosa, sob esse aspecto de olhar-nos e nos ver está com uma postura bastante, para não dizer inteiramente infantil. Sim infantil e adolescente. (As pessoas que estão na infância e na adolescência, estão no tempo oportuno natural do seu crescimento e da sua maturação. E é exatamente nesse tempo que deve se exercitar muito, pois tem muita vitalidade, para aprender a olhar-se e se ver).

Vamos dar um exemplo que é de todos nós. Nós na nossa vida religiosa dizemos que queremos ser santos. Se uma adolescente diz que quer ser top-model, uma bailarina, uma psicóloga, ou um adolescente, piloto de fórmula 1, um negociante de sucesso, um esportista, se decide a aprender a profissão que escolheu, faz devidos passos obrigatórios, não por desobriga, mas realmente se testando, se deixando examinar no seu crescimento e na averiguação da aprendizagem, porque quer ser pessoa competente e responsável naquela profissão que escolheu. Aqui, a mente, o olhar dessas pessoas, no empenho e no trabalho de crescer naquilo que escolheu não vê sacrificação de si, judiação de si, tudo aquilo não é desobriga, mas o que elas querem. E isso não somente nos veteranos, nos que já estão dentro da profissão, mas nos que começam, nos iniciantes. Porque tudo isso que acontece no mundo secular que com a nossa superioridade espiritual religiosa chamamos de “mundo”, não acontece conosco, e se acontece é na minoria? Falta de boa vontade e de tempo marcado para exercícios? Boa vontade é essencial na nossa vida religiosa. O tempo de exercício é muitas vezes muito maior do que nas pessoas que estão na profissão secular. Porque a coisa não vai, com maior cordialidade, com maior satisfação, com maior resultado real e duradouro?

A minha proposta nessa reflexão é de nos olharmos e nos vermos, com a desconfiança de que no nosso modo de ver e olhar a nós mesmos, a vida religiosa, e principalmente a existência humana, nós todos, novos e velhos, da formação inicial e da formação permanente, súditos e superiores, estudados e analfabetos, todos, i. é, cada um, é ainda bastante infantil no olhar-se e se ver, como um decisivo e sério trabalho de aprendizagem que nunca assumimos, por desconhecê-lo. Nós nos esforçamos, nos angustiamos para ser bons, piedosos, “sobre-naturais”, para sentir, buscar sentir e fazer os outros sentirem-se amigos, fraternais, e gastamos a maior parte da energia nesse tipo de esforço, mas antes de tudo, e como exercício elementar, primeiro trabalhar arduamente na capacidade de olhar-nos e nos ver, a isso não damos a mínima importância, pois achamos que tudo isso já sabemos fazer espontânea e naturalmente.

O grande segredo e o grande móvel da vida fraterna na vida religiosa está dito todo e inteiro no Grande Mandamento do Amor no Antigo Mandamento e no Novo Mandamento de Jesus Cristo, dado na última-ceia. Angustiamo-nos, censuramo-nos, que não vivemos tudo isso e desanimamos e nos resignamos. Angustiar-nos, censurar-nos, desanimarmos rapidamente e freqüentes vezes é sinal, é sintoma de que não estamos trabalhando com empenho, cuidado e diligência a capacidade de ver. Quem não vê de que se trata na sua profissão é cego, se debate que nem barata tonta, repete sempre sem aprender os mesmos erros. Experimentemos nessa reflexão ver se algo disso não está acontecendo conosco na vida religiosa. Não esperemos sair da reflexão, resolvendo ou melhorado a nossa vida fraterna. Antes, se sairmos com o desejo e decisão de querer saber mais e mais seriamente que somos infantis no ver, apesar de na piedade, na gestão, nas informações acadêmicas, na prática de certos trabalhos sermos adultos, cobras e muito competentes; se sairmos com o desejo de continuar no cotidiano, fazendo pesquisas a esse respeito, para que comecemos a nos exercitar nesse trabalho, então fizemos uma reflexão prática.

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