1-. Evangelho é o eros do cristianismo. O Eros se dá com a vigência do envio, em percurso, da obra perfeita da cristandade. A perfeição da cristandade é a liberdade. A liberdade não é sem regra. A regra limita a liberdade.
2-. No cristianismo há proibição. A proibição do cristianismo é o limite do evangelho.
3-. A liberdade sem limites é o limite sem liberdade. O limite sem liberdade é a proibição. A liberdade sem limite é a permissão. A permissão só se dá no âmbito da proibição. A possibilidade da permissão e a possibilidade da proibição são o mesmo: o não-poder da liberdade do evangelho.
4-. A liberdade na regra não é liberdade sem limite. A regra na liberdade não é o limite sem liberdade. A liberdade na regra e a regra na liberdade são o mesmo: o poder da liberdade no evangelho.
5-. O poder se contém. O poder só se dá como conteúdo. O poder como conteúdo, porém, não é algo em algo, pois, algo em algo é conteúdo. O conteúdo do poder é contenção. A contenção é o vigor da concreção, o poder se perfaz na concreção. Em se perfazendo na concreção, o poder vem à fala como o corpo da existência. O poder só vige como a perfeição do corpo da existência. A vigência no perfeito do corpo da existência é a insistência. A insistência do corpo da existência é o limite.
6-.O limite da insistência não priva, perfaz o vigor. O limite da insistência como o perfeito do vigor é a regra. A regra não tira, se dá como vigor da liberdade. Além e aquém do limite da insistência não há mais ou menos: há simplicidade de nada. Nada nadifica o além e o alguém do envio. Não há donde, não há aonde no envio do nada na insistência do corpo da existência. A regra como o perfeito no vigor é sem porquê. Sem porquê é a ressonância do silêncio.
7-. Sem porquê há simplesmente nada como o perfeito do vigor. Nada como o perfeito do vigor é o brilho do corpo da existência: a regra.
8-. A perfeição da regra é a obediência. A obediência se grava na perfeição da ausculta. Aumenta com o (vigor) ouvir concorde à ressonância do silêncio ao sabor do retraimento do inominável. A autoridade da obediência é o sabor do ministério.
9-. O cristianismo é a autoridade do poder. O poder diz: lei e transgressão, imposição e escolha, direito e dever, certeza e erro, bem e mal, prêmio e castigo, permissão e proibição. A autoridade do poder e o não poder da a autoridade.
10-. O poder da liberdade é a autoridade da obediência. A autoridade do poder nada pode contra o poder da liberdade. Mas o poder da liberdade nada pode contra a autoridade do poder. Pois o fazer do fazer e não fazer contra a autoridade do poder insiste na axecução da autoridade do poder. A poiesis do poder da liberdade ama o jogo da obediência. O fazer do jogo, a poiesis, acolhe a autoridade ente, conserva-a no abrigo do mistério, acena-lhe a evocação silenciosa da regência do inominável.
11-. O mistério é trasbordante. Pode estar à direita ou à esquerda. Todas as coisas o devem ser, e não se nega a ninguém. Consumada a obra, não ao destino da posse. Veste alimento todas as coisas, e não se faz seu Senhor, enquanto jamais é possessivo, pode chamá-lo menor. Enquanto todas as coisas dependem, sem conhecerem como Senhor, pode-se chamá-lo de grande. Por isso, também o enviado, nunca se faz grande. Assim perfaz a grande obra (Lao-tzu, tao-te-king, cap.: 34).