Vocacional - Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil - OFM

Cantando e encantando franciscanamente

05/09/2016

“Canta, meu irmão, minha irmã, louva com júbilo o Senhor Criador!”

Frei Gabriel Dellandrea, ofm

Nos dias 03 e 04 de setembro de 2016 aconteceu no Convento São Boaventura o Encontro de Cantos Franciscanos. Entretanto, a fraternidade já estava envolvida nos preparativos há muito tempo. Uma equipe foi composta para preparar tudo, mas quando estava chegando a data do evento todos estavam de “mangas arregaçadas” para trabalhar e fazer bonito. O convento foi devidamente arranjado com belíssimas ornamentações e na cozinha não tinha quem ficasse parado, preparando as refeições e os lanchinhos. Tudo isso para proporcionar aos 80 participantes do encontro uma experiência muito feliz! Participaram sacerdotes, religiosos, leigos, membros da Ordem Franciscana Secular (OFS), pessoas que já estão envolvidas com a música litúrgica e que compõem a Conferência da Família Franciscana do Brasil.

Com a graça de Deus o Encontro de Cantos foi um momento agradável de conhecimento e partilha de vida. Para bem exemplificar isto, há um relato da vida de Francisco de Assis que pode ser muito inspirador, que em palavras livres, vou contar abaixo (1 Cel 171): o Santo de Assis viu, numa figueira, uma cigarra que cantava com suavidade. Assim, percebendo o dom da mesma, ele a convidou para louvar o Senhor dentro da capela da Porciúncula. E ela bondosamente se aconchegou na mão dele e, por oito dias, foi uma companheira do santo nos louvores. O convite que ele fez foi “Canta, minha irmã cigarra, louva com júbilo o Senhor Criador! ”. É claro que a irmã cigarra também descansava, assim como Francisco. Entretanto, quando ele ia até a capela para cantar, com suavidade, tocava-a para eles fazerem um dueto ao Senhor.

Um pouco parecido aconteceu aqui em nosso encontro. Infelizmente não foram oito dias de louvores e cantorias, mas o povo estava animado para tal. Mesmo assim, em dois dias foram ensaiados belos cantos que com certeza ficarão gravados no coração de cada participante. A prioridade foi executar cantos franciscanos para a animação de encontros e para bem celebrarmos as festas de nossa espiritualidade. Nas celebrações eucarísticas durante o encontro, os irmãos e irmãs já colocaram em prática os cantos que aprenderam. Parafraseando a Legenda de Celano, parecia que Francisco de Assis dizia no coração de cada um: “Canta, meu irmão, minha irmã, louva com júbilo o Senhor Criador!”, e assim, a liturgia foi muito bem celebrada e vivida por todos.

Dentre os participantes havia os compositores de alguns cantos ensaiados, como o querido Frei Beraldo Hanlon. Aos 82 anos ele mostrou a vitalidade e entusiasmo de um sábio compositor, que deixa transparecer em suas canções a verdade de que o seu coração canta a melodia que é inspirada pelo Criador. Também foi louvável a presença da juventude franciscana, que representados por religiosos e leigos, fizeram acontecer o que a sabedoria dos que já estavam com “cabelos brancos” um dia também sonharam. Entretanto o sonho estendeu-se para os jovens e para os mais experientes que em um só coração partilhavam o entusiasmo e a voz da experiência. Assim, não faltaram belos testemunhos de encontros anteriores e o desejo sincero de fazer deste uma rica experiência também.
É claro que, como aconteceu na amizade entre Francisco e a cigarra, os participantes tiveram alguns momentos de descanso, descontração, cafezinho, conversa e partilha de vida. Alguns até compartilharam suas canções e dons com os demais. Alguns aproveitaram para provar das delícias que o convento produz. Outros, é claro, sentiram um estranhamento com o friozinho que acompanhou os dias do encontro. Mas o coração de todos ardia quando os violeiros soavam os primeiros acordes das canções a serem ensaiadas. Logo o salão onde acontecia os ensaios enchia-se de belas e afinadas vozes, e em comparação com a legenda, parecia que o Santo de Assis tocava com suavidade em cada um, convidando para o louvor, como fazia com a cigarra.

Sendo assim, há um belíssimo final nas duas histórias: a de Francisco com o inseto e a do Encontro de Cantos Franciscanos. O Santo de Assis, com muita gratidão, despediu a irmã cigarra para que ela pudesse cantar em outros lugares com a seguinte motivação: “Vamos despedir nossa irmã cigarra, que já nos alegrou bastante aqui com o seu louvor, para que nossa carne não se glorie com isso”. E nesta inspiração podemos dizer que o encontro de cantos poderia ser para sempre. Cada vez mais poderíamos ficar aqui cantando alegremente os louvores do Senhor, aprimorando cada vez mais nossos conhecimentos. Entretanto correríamos o risco de ficarmos “ensimesmados”, e por isso, cada irmão e cada irmã retornou a sua realidade com a certeza de repassar os conhecimentos que recebeu e assim, tendo a certeza de que não iriamos de forma alguma ficar “presos a gloriar somente a nossa carne”, mas estender nosso louvor aos demais irmãos que encontrarmos, para que nos caminhos da nossa vida não falte os agradáveis acordes de paz e bem! Que Deus abençoe os seus cantores e cantoras!

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