Vocacional - Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil - OFM

Beato Egídio de Assis – Ditos notáveis

05/03/2021

 

[Observação preliminar: Os textos que vamos ler, podem não ser muito representativos da espiritualidade franciscana no sentido mais exigente de mostrar o seu próprio. A nossa tentativa de leitura tem apenas a finalidade de, primeiro, preparar a possibilidade de captar esse próprio franciscano. É que, antes disso é necessário diluir certos pré-conceitos.]

Beato Egídio de Assis

Ditos Notáveis

Capítulo XVII: Da perseverança nos bens

O que vale ao homem jejuar, orar, fazer esmolas, afligir-se a si próprio, e também sentir grandes coisas do céu e não chegar até o porto da salvação?

Eis que, algumas vezes, aparece alguma nave no mar, formosa, grande, nova e carregada de muito tesouro: todavia, ocorrendo-lhe um certo perigo, não vem até o porto da salvação, mas perece miseravelmente. Que lhe valeu toda aquela sua perfeição e beleza? E de novo no mar, está de vez em quando uma nave deforme, não grande, velha desprezada, não repleta de muito tesouro; e evadindo-se com muito labor dos perigos do mar, felizmente chega até o porto: somente esta nave é recomendável. De modo semelhante, se dá nos homens deste mundo. [F add.: Dizia: “Embora o homem com grande labor trabalhe para cavar o tesouro, com maior labor e solicitude deve guardá-lo, depois que o acha. Daí, é maior labor a boa custódia do que o labor para achar”. Também dizia: “Através daquilo pelo qual o homem ascende, se não se guardar do seu contrário, desce e através daquilo que ascende, de novo mais ascende”. Também dizia: “Se guardares o olho, terás a graça do olho, e assim de outras coisas”]; com razão, portanto, é de se temer junto de todas as coisas.

Ainda que a árvore tenha nascido, todavia não é logo grande, e se grande, não florida; e se florida, não, porém, produz logo frutos; e se produz frutos, não são logo grandes; e se grandes, todavia não são maduros; e se maduros, não todos no entanto chegam à boca de quem come, para serem comidos; mas muitos morrem e apodrecem, ou são devorados por porcos ou outros animais.

Disse-lhe alguém: “Que o Senhor te faça bem findar”. Respondeu frei Egídio: “O que me vale, se mendigasse por 100 anos o reino dos céus, se não findar bem? Duas coisas reputo ser grandes bens do homem: amar a Deus e se precaver sempre do pecado; quem tivesse estes dois teria todos os bens”.

Capítulo XIX: Da religião e da sua segurança

                Frei Egídio dizia, falando de si mesmo: “Quereria antes ter pouco da graça de Deus na religião, do que muito no século, porque há muitos perigos e menos  adjutórios no século do que na religião. Mas o homem pecador mais pavor tem do seu bem do que do seu mal, porque teme fazer penitência e entrar na religião, mais do que jazer no pecado ou permanecer no século”.

Um certo secular pediu conselho a frei Egídio, se lhe era decisivo entrar na religião ou não. Ao qual respondeu o santo frei Egídio: “Se alguém paupérrimo soubesse do tesouro precioso, escondido num campo comum, porventura buscaria de alguém  um conselho? Ou não deveria ir com pressa ao tesouro? Quanto mais deveriam os homens ir com pressa para cavar o tesouro celeste?! Aquele secular logo que isto ouviu, vendeu tudo, e entrou na religião.

Também dizia frei Egídio: “Muitos ingressam na religião e não operam as coisas que convém (decet)  à religião e desta maneira são como o campônio que veste as armas de Rolando [nota: Que foi companheiro de Carlos Magno dos francos, germanos, hispanos, ítalos, famosíssimo pelas lendas, dotado de maravilhosa fortaleza. Seu cavalo Bayard, do mesmo modo é celebrado pelos poetas] e não sabe lutar com elas. Não todos os homens, pois, saberiam montar o ginete Bayard, nem uma vez sobre ele montado, saberiam precaver-se da queda. Não considero como grande entrar na corte do rei, nem como grande receber dádivas do rei; mas sim considero como grande saber estar na corte régia como convém. A corte do grande rei é a religião. Não é grande nela entrar e nela receber algumas dádivas de Deus. Mas sim é grande saber nela viver como convém, e perseverar até o fim devota e solicitamente. Quereria, porém, antes estar no estado secular e suspirar pelo ingresso à religião, do que estar na religião e ser saturado. [nota: isto é ser afetado pelo tédio da religião].

Gloriosa Virgem Maria, Mãe de Deus, nasceu de pecadores e pecadoras, nem estava em alguma religião, e todavia ela é o que é.

O religioso deve crer que ele não sabe nem pode viver a não ser na religião. [A, C, D add.: É grande virtude permitir ser pisado pelos homens, porque quem permite ser pisado é mais senhor deste mundo].

Também, certa vez disse a seu companheiro: “Do princípio do mundo até agora não houve uma religião melhor, nem apareceu uma mais expedita do que a religião dos frades menores”. [F add.: Quem vai para a religião é como o homem vencido na guerra e foge para fortaleza forte e guarnecida].

Também dizia: “Parece-me que a religião dos frades menores foi verdadeiramente enviada neste mundo para grande utilidade do homem. Mas ai de nós se não somos tais homens quais devemos ser! A religião dos frades menores me parece ser a mais pobre e a mais rica deste mundo. Mas a mim parece ser o maior dos nossos vícios isto, de nós querermos caminhar demasiadamente alto. Aquele é rico, quem imita o rico; aquele é sábio, quem imita o sábio; aquele é bom, quem imita o bom; aquele é belo, quem imita o belo; aquele é nobre, quem imita o nobre, a saber, o Senhor Nosso Jesus Cristo.

Os Atos do Bem-aventurado Francisco e de seus companheiros

VII.  Da doutrina de São Francisco a Frei Leão que só na cruz esteja a perfeita alegria

                1Certa vez, no tempo de inverno,  São Francisco  com Frei Leão vinha de Perugia à Santa Maria dos Anjos; e  o frio o cruciava acerbamente. 2Então,  chamou Frei  Leão, que lhe precedia bem de perto e disse: “Ó irmão Leão, por mais  que os Frades Menores dêem em toda a terra grande exemplo de santidade e de boa edificação, anota, isto é, transcreve como modelo original de que aí não está a perfeita alegria”.  3E, tendo andado um pouco mais, chamou-o de novo, dizendo: “Ó irmão Leão, por mais que o frade Menor ilumine os cegos, endireite os encurvados, repila os demônios, restitua aos surdos o ouvir, aos coxos o andar e aos mudos o falar, e o que é ainda mais, ressuscite  mortosa de quatro dias, escreve que aí não está a perfeita alegria”. 4E de novo, proclamando, dizia: “Ó irmão Leão, se o frade Menor soubesse as línguas de todos os povos e todas as ciências e as escrituras, de modo que soubesse tambémb profetizar e revelar não só as coisas futuras mas também as consciências dos outros, escreve que aí não está a perfeita alegria”.  5E andando um pouco mais de novo proclamava: “Ó irmão Leão, ovelhinha  de Deus: e por mais que o frade Menor fale a língua dos anjosc e soubesse o curso das estrelas e as virtudes das ervas e lhes fossem revelados todos os tesouros da terra;  6e conhecesse as virtudes das aves e dos peixesd e dos animais e dos homens e das árvores e das raízes e das pedras e das águas: escreve, escreve bem e anota diligentemente que aí não está a perfeita alegria”.  7E depois de um pouco proclamou: “Ó irmão Leão, por mais que o frade Menor saiba pregar tão solenemente a ponto de converter todos os infiéis à fé, escreve que aí não está a perfeita alegria”.

8E este modo de  dizer durou bem  por duas milhas. Frei Leão, porém, admirando vivamente tudo isso, disse:  “Pai, rogo-te da parte de Deus que me digas onde está a perfeita alegria”. 9Ao qual São Francisco respondeu: “Quando chegarmos em Santa Maria dos Anjos assim banhados pela chuva e congelados pelo frio, sujos de barro e aflitos de fome; e tocarmos na porta do convento e o porteiro vier irado dizendo: 10“Quem são vocês?”. E nós dissermos: “Somos dois dos vossos irmãos”. E ele ao invés disser: “Pelo contrário, vocês são dois patifes, que vagam pelo mundo, surripiando as esmolas dos pobres!”.  11E não nos abrir, mas nos fizer permanecer na neve e na chuva,  no frio e na fome até a noite. Então, se suportarmos pacientemente, sem murmuração e perturbação as injúrias e as rejeições, 12e pensarmos humildemente e caritativamente que aquele porteiro, verdadeiramente nos conhece e que Deus excita a língua dele contra nós, ó irmão Leão, escreve que aí está a perfeita alegria. 13E se nós perseverarmos batendo e aquele porteiro, perturbado sair e nos esbofetear durissimamente como a importunos, dizendo: Afastem-se daqui, vadios ordinários, e vão para a hospedaria.  Quem são vocês? De jeito nenhum vocês comerão aqui”. 14E se nós carregarmos estas coisas jubilosamente e agarrarmos com amor e com todo o coração as injúrias: ó Frei irmão, escreve que aí está a perfeita alegria.  15E se nós assim, de todos os modos atormentados pela fome iminente, pela aflição do frio, batermos, gritarmos e chorando insistirmos para que nos abra a porta, e porque além disso a noite se aproxima, e ele, ainda mais excitado disser: “Estes são homens muito descarados e sem comedimento: eu os domarei!”  16E sai com um bastão nodoso, nos agarra pelo capuz, nos joga por terra sobre o lodo e a neve e de tal modo nos fustiga com o porrete, de modo a nos encher de pancadas  por todos os lados,  17se nós suportarmos com gáudio tantos males, tantas injúrias e açoites,  pensando que temos o dever privilegiado de carregar as penas do Cristo bendito, ó irmão Leão, escreve que aí está a perfeita alegria. 18Porque, ouve a conclusão, ó irmão Leão. Entre todos os carismas do Espírito Santo que Cristo tenha concedido e conceda aos seus amigos, está o de vencer-se a si mesmo e sustentar opróbrios de boa vontade por causa  de Cristo e da caridade de Deus. 19Pois, em todas as coisas maravilhosas que dissemos antes, nós não podemos nos gloriar, porque não são nossas mas de Deus. O que, pois, tens que não recebeste? Se, porém, recebeste por que te glorias como se não recebestee? Mas, na cruz da tribulação e da aflição, podemos nos gloriar, porque isto é nosso. 20Assim diz o apóstolo: Longe de mim, porém, gloriar-me, a não ser na cruz de Nosso Senhor Jesus Cristof, ao qual seja o louvor pelos séculos dos séculos. Amém.

LXVI. De uma certa palavra admirável dita por Frei Egídio de Perugia

            1Quando o santo irmão Egídio morava em Perúsia, a senhora Jacoba de Settesoli, nobre romana e devotíssima dos irmãos veio vê-lo.

Em seguida veio também o irmão Guardião da Ordem dos Menores, homem muito espiritual, para ouvir dele alguma boa palavra.  2Na presença, portanto, dos outros irmãos, irmão Egídio disse esta palavra em língua vernácula: “Pôr aquilo que o homem pode, chega a ele o  que ele não quer”.

3O irmão Guardião, porém, para pôr em discussão o irmão Egídio, disse: ”Eu me admiro, irmão Egídio, como dizes que o homem por causa daquilo que ele pode chegue àquilo que ele não quer, quando sabemos que o homem nada pode a partir de si. 4E eu posso provar isso por muitas razões. Primeiro porque o poder pressupõe o ser, daí tal é a operação da coisa  qual é o seu ser, assim o fogo esquenta porque é quente; mas o homem, por si mesmo é nada.  5Daí o apóstolo: Aquele que julga ser alguma coisa em sendo nada, engana-se a si mesmoa. O que, porém,  nada é, nada pode;  logo, o homem nada pode.   6Em segundo lugar, provo que o homem não pode nada porque, se o homem pudesse alguma coisa, o poderia em razão só da alma, ou em razão só do corpo, ou em razão da união dos dois. 7Em razão só da alma é certo que ele nada pode, porque a alma despojada do corpo não pode merecer-se e nem desmerecer-se. Também em razão só do corpo, nada pode, porque o corpo sem a alma  está privado de vida e de forma, portanto, nada pode agir porque todo o ato vem da forma.  8Semelhantemente, em razão da união de ambos, o homem  nada pode, porque se algo  pudesse, isso seria em razão da  alma, que é a forma  dele; mas, como já foi dito, se a alma, despojada do corpo, nada pode, muito menos se unida ao corpo, porque o corpo que se corrompe agrava a almab. 9E  disso dou-te um exemplo, irmão Egídio: se um burro não pode andar sem a carga, muito menos com a  carga. E portanto, por esse exemplo, se vê que a alma pode operar menos sobrecarregada pelo corpo do que despojada dele. Mas, despojada dele, nada pode. Logo, muito menos  em conjunto”.

10E muitos outros argumentos, mais numerosos  que os mencionados, em número de doze, expôs contra o dito do irmão Egídio, para pô-lo em discussão. Todos aqueles que presenciaram tais argumentos ficaram admirados.

11O irmão Egídio, porém, respondeu: “Falaste mal, irmão Guardião. Dize tua culpa a respeito de tudo!” O irmão guardião, sorrindo, disse sua culpa, e porque o irmão Egídio viu que ele não a dissera de coração, falou: “Esta confissão de culpa não vale nada, irmão Guardião, e quando a confissão de culpa nada vale, não resta nada com que o homem a recupere”* .

12Ditas estas coisas, acrescentou: “Sabes cantar, irmão guardião? Então, canta comigo!”  O irmão Egídio tira de sua manga uma cítara de cana, como costumam fazer as crianças e começando da primeira corda, através de palavras ritmadas e continuando por cada corda  da cítara, anulou e refutou todas as doze razões do Guardião.

13E começando pela primeira disse: “Eu não estou falando do ser do homem antes da criação, irmão Guardião, porque então, neste caso, é verdade, ele  nada é e nada pode fazer. Mas falo do ser do homem, depois da criação, ao qual Deus deu o livre arbítrio, pelo qual ele pode merecer-se, consentindo no bem, e desmerecer-se, discordando. 14Portanto, falaste mal e me fizeste uma falácia, irmão Guardião, porque o apóstolo Paulo não fala a respeito do nada da substância nem do nada da potência  mas do nada dos merecimentos,  como se expressa em outro lugar: Se não tiver a caridade, nada souc. 15Por isso, eu não falei da alma solta ou do corpo morto, mas do homem vivo que, consentindo com a graça, pode operar o bem, e rejeitando a graça operar o mal: que não é outra coisa senão faltar para com o bem. 16Quanto àquilo que tu alegaste que o corpo que se corrompe prejudica a almad , a Escritura não diz aí que por causa disso a alma fica com o livre arbítrio suspenso, sem poder operar o bem ou o mal; mas antes quer dizer que são impedidos o afeto e o intelecto e também a memória da alma ocupada nas coisas corporais. 17Donde prossegue no mesmo lugar:  A habitação terrena deprime o senso com muita cogitaçãoe, porque não permite a alma buscar livremente as coisas que são do alto, onde Cristo está sentado à direita de Deusf.  18Assim a agudez das potências da alma,  por causa das múltiplas ocupações e também  das moléstias do corpo terreno, é retardada de modo múltiplo. É por isso que falaste mal, irmão Guardião!”

19E assim, de modo semelhante, anulou todas as outras razões, de modo que o irmão Guardião disse de novo de coração toda a sua culpa e confessou que a criatura podia alguma coisa. E disse o irmão Egídio: “Agora sim, vale a culpa”. E logo em seguida acrescentou: “Queres que te demonstre  ainda mais claramente que a criatura pode alguma coisa?”

20E subindo num  túmulo, exclamou com voz terrível: “Ó condenado que jazes no inferno!”. E ele mesmo respondeu com voz lúgubre pela pessoa do condenado de maneira horrível e tremenda, de modo que apavorou a todos: “Ai de mim! Coitado de mim! Ai de mim! Ai de mim!”, clamando e lamentando-se. 21E o irmão Egídio: “Dize-nos porque foste para o inferno?” E ele respondeu: “Porque o mal que podia fazer eu não evitei  e o bem que podia operar deixei de fazer”. 22E interrogando-o dizia: “O que quererias fazer, se te fosse permitido um tempo de penitência, ó condenado malvado?” E respondeu pela pessoa  dele: ” Pouco a pouco, pouco a pouco, pouco a pouco lançaria para trás de mim todo o mundo, para escapar da pena eterna, porque ele tem fim; minha condenação, porém, permanece eternamente”.

23E voltando-se para o Guardião, dizia: “Ouves,  irmão Guardião, porque a criatura pode alguma coisa?” Depois disso, disse ao irmão Guardião: “Dize-me, uma gota d’água caindo no mar, será  ela que vai dar nome ao mar ou o mar à gota?” E ele respondeu que tanto a substância quanto o nome da gota é absorvido e veste o nome do mar. 24E dito isto, o irmão Egídio,  ali, à vista de todos os presentes entrou em êxtase. E assim ele compreendeu que a natureza humana, em relação a Deus, é como uma gota: foi absorvida no grande, ou melhor, infinito, mar da divindade na encarnação de nosso Senhor Jesus Cristo, o qual é bendito nos séculos. Amémg.

Egídio

6 Respondeu-lhe um certo frade: “Tu pareces dizer duas coisas opostas”. 7 Respondeu o Santo Frei Egídio: “Não é assim que os demônios acorrem mais para o homem de boa vontade do que para os outros? Eis a dificuldade. 8 E se alguém vendesse sua mercadoria por um preço mil vezes maior que seu valor, que fadiga haveria de sentir? Eis resolvida a contradição. 9 Portanto, digo que, quanto mais alguém for cheio de virtudes, tanto mais é infestado pelos vícios, e tanto mais deveria tê-los em ódio. 10 De todo o vício que vences, adquires virtude; e quanto mais fores atribulado por qualquer vício, tanto maior prêmio recebes, se venceres”.

Comentário:

Aqui, entram em jogo os demônios que “acorrem mais para o homem de boa vontade do que para os outros” de boa vontade menor. Usualmente, ficamos aqui presos aos demônios, perguntando será que os demônios existem; ou será que demônios não são antes certas realidades perversas no homem ou estruturas humanas etc.

Essas perguntas são de interesse marcante para nós hoje, para nós, cujo inter-esse (naquilo que estamos dentro) a priori é de averiguar se o relato é real no sentido de ser fato. Isto significa que ao lermos esses episódios dos Ditos de frei Egídio, não podemos ver (- por já estarmos nele -) o que o texto está a dizer, a partir e dentro do nosso olhar, cujo ponto do lance do enfoque reduz a possibilidade de o todo da paisagem vir ao nosso encontro, pois esse modo de redução é semelhante ao ocular que só vê preto e branco, de tal modo que todas as outras cores se retraem e não aparecem, a não ser como variações de tonâncias do preto, branco, i. é, do cinzento. A pujança e vitalidade “crômáticas” do tom originário desaparece e se destaca a pergunta: os demônios, são reais ou apenas superstições, fantasias subjetivas.

Mas então, em que consiste o tom da percussão essencial desse trecho? Respondem os Ditos: “Não é assim que os demônios acorrem mais para o homem de boa vontade do que para os outros? Eis a dificuldade. 8 E se alguém vendesse sua mercadoria por um preço mil vezes maior que seu valor, que fadiga haveria de sentir?” Mas como entender isso?

O grande segredo para entender a Frei Egídio é lembrar, i. é, re-cordar que ele fala a partir e dentro da realização da realidade que na Espiritualidade cristã recebeu o nome da Fé na e da Encarnação, i. é, no mistério do Deus de Jesus Cristo. Fé é abertura cordial e cheia de gratidão para a dinâmica do Mistério (Ge-heimnis = a luz, calor e cordialidade do em-casa), e aqui da Encarnação. Estar nessa se chama seguimento de Jesus Cristo, o Crucificado (= o ser do humano, a essência do humano é sempre já assumido na dinâmica de Jesus Cristo, do Deus humanado).

Essa dinâmica sui generis do vigor da Encarnação se denominou na espiritualidade cristã de Vontade de Deus. Quem é, participa, é impregnado e faz em tudo a vontade de Deus é como Ele no ser, participar, ser impregnado, e fazer em tudo a vontade de Deus. Ele é em tudo vontade de Deus.  Mas, se você entende a palavra vontade não como faculdade volitiva, comando, ordem de Deus, mas “ganas”, vigência, dinâmica de Deus, o modo próprio da sua vitalidade, ou melhor direta e de modo bem curto: Ele mesmo no seu ser, na sua vigência, então você vai entender que para essa Vontade boa, não pode haver contradição, tribulação, sofrimento; não porque não sente, não sofre, não se aflige, mas porque toda contradição, tribulação, sofrimento consiste somente, apenas e exclusivamente nisso de ele querer de todo o coração e de todo a alma e de todo o entendimento exercer, viver, ser a autonomia dessa boa vontade, do ser do Deus de Jesus Cristo.

Para de alguma forma ilustrar isso que dissemos, favor ler, se achar interessante os textos abaixo, que foram tirados de um livro a ser ainda publicado.

(Favor ler e estudar o resto do capítulo10. Do combate das tentações.


a Cf. Mt 11,4.
b  Cf. 1Cor 13,2.
c  Cf. 1Cor 13,2.
d  Cf. 3Rs 4,33.
e 1Cor 4,7.
f  Cf. Gl 6, 14.
 a Cf. Gl 6,3.
b  Sb 9,15.
* Dizer a culpa, na tradição da Ordem, significa confessar publicamente seu erro ou  pecado, manifestando seu arrependimento e propósito de correção.  Egídio, então,  está querendo que o guardião recupere  seu  pedido de perdão.
c  1Cor 13,2.
d  Sb 9,15.
e  Sb 9,15.
f  Cf. Cl 3,1.
g  Rm 1,25.
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