Vocacional - Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil - OFM

À coisa ela mesma, a Fenomenologia? III

05/02/2021

 

Introdução

O que segue são apenas anotações. E ainda por cima “amadoras”, a saber, de um amador. Gostaria de ser como um caderno de anotações. Daqueles que, como estudantes, trocamos, para a própria e mútua ajuda, recordando o que se ouve nas preleções, seminários e leituras, de autores, professores e especialistas abalizados, e que bem ou mal conseguimos assimilar e anotar, dentro das limitações de estudantes diletantes.

O amador é aquele que ama, o amante. Ocasionalmente. Não oficial nem publicamente, mas às escondidas, sorrateiramente. Por isso, as seguintes observações amadoras são reflexões avulsas e ocasionais. Apenas beliscam a beirada já um tanto esfriada de um mingau quente, por não conseguir encarar diretamente o tema, de modo adequado e competente, sistemático, seriamente. Anotações desse tipo são entendidas somente por quem as rabiscou e por quem, ao lê-las, tem o mesmo tipo de complexo e paixão. Complexo e paixão de busca da coisa ela mesma da fenomenologia e do seu fascínio, sofridos pelo principiante e ou amador. De que complexo e de que paixão se trata? Trata-se do rolo oculto no anelo de fundo da busca amadora. O que há ali no fundo da busca amadora? Há algo como medo de pouco saber, uma espécie de complexo do aprendiz que não é especialista, de ser apenas iniciante e diletante. Mas, ao mesmo tempo, há também ali algo como ímpeto da inocência ingênua de um grande desejo, vontade de se adentrar, sim de estar por dentro, em casa, naquilo que a alma do amador ama, a saber, naquilo que a fenomenologia lhe tem de mais próprio e fascinante, sem conhecer bem a complexidade e exigência de exatidão objetiva e informativa que o empenho e o desempenho de tal empreendimento do saber exigem. E a tudo isso acrescente-se o receio de iludir-se a si mesmo, contentando-se com o saber particular, subjetivo, confundindo e trocando verdade, acuidade e claridade da teoria, com paixão e sentimento. Trata-se de um humor angustiante que toma conta de todo e qualquer estudante de Filosofia que ama a Filosofia, que se lança à cata de informações, cada vez mais numerosas, asseguradas, que lhe parecem proporcionar o poder do saber dominante e ao mesmo tempo se sente inquieto, como que tocado por um outro hálito de fascínio. Fascínio e prazer de concentração no pouco essencial, de afundamento para a interioridade de uma intuição da verdade originária. Intuição que por um instante aparece como vislumbre de algo como vivência aventureira e singularmente venturosa, sim altamente pessoal, de uma dimensão inominável. As exposições que se seguem sofrem da ambigüidade desse humor angustiante do amador, um permanente iniciante, jamais iniciado; do estudante inacabado, sempre temeroso de estar expondo a sua ignorância. Mas há ali, ao mesmo tempo, a esperança de que, mesmo também nessa perplexidade, possa estar atuando, talvez, por menor que seja, um hálito do pensamento da busca da verdade, o toque do vislumbre do sentido do ser, operante nas diversas problemáticas tratadas nas reflexões, no desengonço e na imprecisão, característicos de trabalhos de amador.

O interesse dos termos fenomenológico e fenomenologia, aqui na nossa exposição,  refere-se à corrente filosófica que historicamente teve início com Edmund Husserl sob a denominação de fenomenologia, e se manifestou em diversas escolas e inúmeros movimentos de fenomenologia. Na infindável série de nomes de filósofos e pensadores, de tendências filosófico-fenomenológicas, o nosso interesse gostaria de achar-se, por pouco que seja, dentro do que pensaram Edmund Husserl, Martin Heidegger e Heinrich Rombach, que usualmente são classificados como pertencentes à escola fenomenológica de Freiburg i. Br. Isto significa: ao usarmos termos como “fenomenologia” ou “fenomenológico”, não estamos falando tanto sobre esses autores e seus pensamentos, mas as reflexões que seguem gostariam de estar falando como que a partir do médium em que se acha essa corrente fenomenológica friburguense, na medida em que, bem ou mal, foi assimilada e compreendia pelas nossas reflexões . Com outras palavras, os pensamentos válidos que ocorrem nas nossas reflexões foram tirados desses autores, certamente quase sempre mal assimilados ou simplificados de modo diletante, ou mesmo falsificados, por causa da ignorância ou pouco volume do pensar.

Por isso, as interpretações de algumas poucas e ocasionais citações dos textos desses autores, que por acaso se encontrem nessa apostila-caderno de anotações, devem ser controladas na sua exatidão e na sua validade, pois são na sua maioria “chutações” e simplificações de um amador. Se, porém, nessas “chutações” amadoras e amantes da causa da fenomenologia, houver alguns pensamentos válidos, estes apenas acenam para o que jaz depositado nos textos clássicos da fenomenologia e podem, quem sabe, ser úteis para os que sofrem das mesmas dificuldades e, no entanto, querem intuir, i. é, ir para dentro daquilo que é do fascínio e prazer da fenomenologia. Nessa perspectiva, as reflexões, nos seus dados informativos, limitam ao mínimo a exposição dos conhecimentos e do saber usual acadêmico sobre a fenomenologia.

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