Vocacional - Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil - OFM

VIII – Da eleição do Ministro Geral desta Fraternidade e do Capítulo de Pentecostes

18/02/2021

 

DA ELEIÇÃO DO MINISTRO GERAL DESTA FRATERNIDADE E DO CAPÍTULO DE PENTECOSTES
DE ELECTIONE GENERALIS MINISTRI HUIUS FRATERNITATIS ET DE CAPÍTULO PENTECOSTES.

Universi fratres num de fratribus istius religionis teneantur semper habere generalem ministrum et servum totius fraternitatis et ei teneantur firmiter obedire.

Todos os irmãos devem ter sempre um dos irmãos desta ordem como ministro geral e servo desta fraternidade. E estão rigorosamente obrigados a obedecer-lhe.

RNB: Dos ministros e dos outros irmãos e de como sejam ordenados.

São Francisco começa a ocupar-se agora com a organização e estrutura da fraternidade. Não é fácil dizer por que ele o faz precisamente neste momento; Francisco seguiu em seus pensamentos o irmão pecador no seu retorno ao Ministro. Com isso perde de vista os demais irmãos e fala dos ministros.

Para a nossa mentalidade, o que São Francisco diz a respeito da organização é muito pouco e pouco claro. Fala de um ministro geral e dos ministros provinciais, mas só do primeiro e não dos últimos ficamos sabendo como se processa a eleição e de onde lhes provém a autoridade. Pela própria regra pouco sabemos das atribuições do Ministro geral.

À medida que a jovem Ordem crescia, tanto mais se amoldavam também os cargos dos ministros. Vivo São Francisco, a evolução estava ainda acontecendo; as gerações que se sucederam à morte do Santo tiveram a importante tarefa de definir melhor as atribuições de cada um.

Um dos irmãos desta ordem. Os “ministros gerais” que São Francisco instituiu durante sua vida eram na realidade seus vigários. Ele continuou pessoalmente superior geral de toda a Ordem até o fim de sua vida. O cargo de Ministro geral se desenvolveu a partir da posição que São Francisco ocupava entre os irmãos.

Este versículo estabelece que toda a fraternidade deverá sempre ter um dos irmãos como superior geral. Ele é “frater inter fratres”. Seu oficio é um serviço em prol de todos. A designação de seu oficio é tirada de Mt 20.25-27. As palavras “minister et servus” aqui não são titulo, mas indicam o sentido do ofício. Como “generalis minister”, o ministro tem autoridade sobre “toda fraternidade”; dele parte o vínculo da obediência que liga e une a todos na mesma fraternidade, e por ele a Ordem se mantém unida ao Papa. Talvez por causa do juramento de fidelidade, que envolve um compromisso pessoal, o mandato do ministro geral é vitalício. A Ordem minorítica era a primeira a organizar-se sob a jurisdição de um superior geral. Até então só havia mosteiros autônomos que se articulavam em congregações, sem perder a própria independência. Por isso a insistência sobre o “minister et servus”.

Não obstante o ministro geral concentre grande poder em suas mãos, a Regra fala só uma vez deste oficio. Exceto o caso de flagrante incapacidade, as atribuições do Ministro geral não conhecem propriamente senão o único limite válido para todo superior: as prescrições da Regra e o bem espiritual dos súditos. Segundo ambas as Regras, é o ministro geral quem deve convocar o capítulo de Pentecostes. Embora se fixe para esse capítulo um ritmo trienal, fica reservado ao ministro geral o direito de determinar o lugar e a época do capítulo. Ele tem o poder de nomear e exonerar superiores de grau inferior ao seu. É sua competência examinar e instituir no oficio os irmãos julgados aptos para a pregação, faculdade anteriormente atribuída aos ministros provinciais. O ministro geral é igualmente a mais alta instância da ordem para as queixas dos irmãos contra os seus superiores.

O ministro geral foi vitalício até 1506: na prática, porem, foram bem poucos os Ministros gerais que ficaram no cargo até a morte. Dos 41 Ministros gerais até 1506, 11 foram exonerados, 12 foram feitos bispos, 18 morreram após um governo, na maioria das vezes, breve. Os generalatos mais longos foram o de S. Boaventura (1257-74), o de Miguel de Cesena (1316-1328), o de Geraldo Odonis (1329-1342), o de Guilherme de Casale (1430-42) e o de Francisco Sansone (1475-1499).

RNB: Dos ministros e dos irmãos e como sejam ordenados. O Capítulo quarto da RNB fala do relacionamento entre os ministros e os demais irmãos. Ao invés de usas a palavra relacionamento usa a palavra “ordenado-ordenamento”. Para entendermos bem o relacionamento ministro-irmãos, talvez seja interessante deter-nos um pouco sobre a palavra “ordenar”.

Todos os agrupamentos da Vida Religiosa na época de São Francisco se chamavam ‘ordem’ (o uso desta palavra no sentido antigo não desapareceu; ainda hoje dizemos, por exemplo, Ordem dos advogados). Ordem, ordenação, ordenar, é uma maneira toda própria de ser “todo”, isto é, por em ordem uma realidade. Temos vários modos de “ordenar” a comunidade como um “todo”:

Há o “montão e pedaços”: é maneira de ser própria que só serve para certas realidades: se dissermos: “Lá tem um ‘montão’ de gente”, você diria: “A multidão não é um ‘montão’”. Quem entende a realidade como “montão” e seus pedaços e aplica essa maneira de pensar à comunidade faz uma injustiça à comunidade. Há o “conjunto e fatos”: vamos, por exemplo, passear com a criançada da creche; no ônibus cabem vinte crianças; cada uma tem o seu crachá com o número 1, 2, 3…; esses números são para contar todos os “fatos” desse “conjunto”. Essa maneira de proceder é muito “funcional” e é usada hoje; mas tratando-se, por exemplo, de problemas pessoais ou de uma comunidade “não funciona”. Há o “todo e partes”: já é um pouco melhor que a anterior, mas é linguagem muito abstrata; tudo de alguma maneira pode ser “todo e partes”, mas, no fundo, não se diz nada ao falar assim, pois, ao dizer, por exemplo, que o “todo” da Comunidade está de acordo e a “parte” não, não se pega bem a posição de cada um. Há a “organização e articulações”: a comunidade é um “todo orgânico’ e cada organismo tem suas “articulações”; este modo de ver o todo pode funcionar bem; mas, por exemplo, uma comunidade, onde há conflito de gerações, não é “orgânica”, porque as gerações, não estão organicamente entrosadas uma na outra. Há o “sistema e junções”: no “sistema” cada qual tem uma função”; isso pode ser muito prático e muitas vezes, ao organizarmos uma comunidade, nos colocamos neste modo de ver, como quando dizemos que guardião, porteiro, cozinheiro, pároco, são funções. Há, portanto, várias maneiras de ver o “todo” e a partir dele colocarmos a comunidade, o “todo” em “ordem”.

O que entendiam os medievais quando diziam: “Como os frades são ‘ordenados’” ou: ‘ordem dos Frades Menores’? Para compreender o que os medievais entendiam deve-se recorrer à experiência chamada “princípio ordenador”. Ordem significa cada coisa no seu lugar, mas toda “ordem” tem seu princípio de ordenação, a lógica de “ordenação”, a partir da qual cada coisa acha seu lugar. Poderia vir aqui alguém e “ordenar” esta sala para exercícios físicos, mandando amontoar todas as cadeiras no fundo e colocando os grupos aqui e ali na sala, uns fazendo este exercício, outros fazendo aquele exercício. Poderia vir outra e “ordenar” o salão para uma palestra, mandando colocar as cadeiras no devido lugar, pedindo aos baixinhos de ficarem na frente para ver o conferencista…

Por “ordem”, “ordenar”, se entende o “prévio”, a anterioridade, o a priori que já existe quando se fala de diferenças: e é bem diferente a “ordem” de uma “ordenação” cujo principio fundamental é: “não vim para ser servido, mas para servir” (Mt 20,28) ou: “Vim para ser servido e não para servir”. O princípio de ordenação dos Frades Menores não vem de nós, vem do seguimento de Jesus Cristo; é o projeto de vida que nós recebemos como uma incumbência; é ele que coordena e comanda as referências. Na Ordem, por exemplo, há superior e súdito; mas numa ordenação, onde o principio ordenador a priori é “querer servir e não ser servido”, o superior é aquele que serve e o súdito aquele que é servido; se houver na fraternidade uma discussão sobre superior e súdito, nada se resolve se não ‘recordar’, se não trouxer ao coração, à consciência a lógica da “ordenação” da Ordem dos Frades Menores.

Às vezes na vida concreta há vários princípios de ordenação misturados. alguns até inconscientemente: isso dá em grande confusão, de tal maneira que não compreendemos mais os detalhes de nossa vida e sentimos a necessidade de uma ordenação melhor. Neste momento a primeira coisa que se deve descobrir e qual o projeto absoluto ordenador. Em toda discussão, em toda tentativa de colocar em ordem a bagunça, tem que se partir deste principio.

Um exemplo de princípios de ordenação misturados são, por exemplo, os colégios: somos religiosos, mas ao mesmo tempo dirigimos uma firma chamada Colégio: esse colégio não é só ‘parte’ religiosa; ele faz “parte”, pertence também a uma sociedade capitalista com suas leis; se permanecer na concepção de “sistema (religioso, económico, etc.) e funções, fica difícil juntar estas partes. O princípio ordenador chamado “seguimento de J Cristo não é sistema, ponto de vista ou função; é uma “inspiração”, um a priori que deve atravessar toda a história, enfrentando todas as ideologias e todos os sistemas; consequentemente, também a “ordem” franciscana tem um modo de ser cujo princípio de alguma maneira deve estar em todas as ideologias e em todos os sistemas. Assim, se o colégio ficou dinheirista e dominador, se se alinhou com o ‘sistema’ capitalista dominante, ‘a ordem’, o princípio ordenador originário, que não pertence ao ‘sistema’, tem a força de tirar a limpo e reconduzir ao originário quem está em contato com o sistema capitalista e se alinhou com um pouco ou bastante. E se o frade dirige um colégio, o faz porque quer salvaguardar esta ‘ordem’.

A melhor maneira de entender ‘ordem’ é a música: uma sinfonia está toda estruturada em notas e ‘conjuntos’ de notas; um conjunto não domina sobre o outro; cada um na sua coerência é ligado, mas não misturado ao outro. E em cada nota musical, e em cada ‘conjunto’ está sempre continuamente a afinação da musicalidade. O medieval pensava como S. Paulo: ‘Ordem é o modo de ser onde Deus e tudo em todas a coisas’, Isto é, Deus está diferentemente presente desde os Anjos mais sublimes até o excremento da terra.

Este modo de pensar os medievais chamavam de “fraternidade”. A fraternidade existe não em função de uma determinada coisa, mas para que cada um possa sair do seu sistema, sair da funcionalidade para ter o modo de ser, feito “ordem”. “Cada um no seu lugar”, porém, não significa “cada macaco no seu galho”: significa: cada um na sua concreção, abrindo-se continuamente para com o “todo” que é o Deus de Jesus Cristo.

Quo decedente, electio successoris fiat a ministris provincialibus et custodibus in capítulo pentecostes, in quo provinciales ministri semper insimul convenire, ubicumque a generali ministro fuerit constitutum; et hoc semel in tribos annis vel ad alium terminum maiorem vel minorem, sicut a praedicto ministro fuerit ordinatum.

Saindo este, faça-se eleição de seu sucessor pelos ministros provinciais e custódios, no capítulo de Pentecostes, ao qual deverão sempre comparecer, onde quer que for determinado pelo ministro geral; e isto, de três em três anos ou em prazo maior ou menor, conforme for ordenado pelo referido ministro.

RNB: Todos os ministros, porém, que residirem nos paises ultramarinos e ultramontanos compareçam uma vez em três anos, e os demais ministros uma vez por ano, na festa de Pentecostes, ao capítulo que se reúne junto à igreja de Santa Maria da Porciúncula, a não ser que o ministro e servo de toda a fraternidade o determine de modo diferente.

Saindo este. Depois da morte do ministro geral, os “ministri et custodes”, isto é, os ministros provinciais escolherão seu sucessor no Capítulo de Pentecostes. Este capítulo se realizará de três em três anos. Sobre o assunto a tratar quando não há eleição, nada se diz. Certamente a praxe já “regulara” tudo. Isso explica o silencio de Francisco, como também a falta de pormenores sobre a maneira de eleger e as questões decorrentes.

Et si aliquo tempore appareret universitati ministrorum provincialium et custodum, praedictum non esse sufficientem ad servitium et communem utilitatem fratrum, teneantur praedicti fratres, quibus electio data et, in nomini domini alium sibi eligire in custodem.

Se, em qualquer tempo, parecer à totalidade dos ministros e custódios, que o dito ministro não seja idôneo para o serviço e comum utilidade dos irmãos, têm os ditos irmãos, aos quais cabe o direito de eleição, o dever de, em nome do Senhor, eleger um outro como guardião.

RNB: “Em nome do Senhor.

Que o dito ministro não seja idôneo para. Enquanto a RNB nem fala da instituição canónica de um ministro geral a RB prevê até que ele possa ser exonerado no Capítulo de Pentecostes sempre que os ministros estabeleçam unanimemente a sua incapacidade.

Os ministros aos quais cabe o direito de eleição. Trata-se dos ministros provinciais. Com o rápido crescimento e expansão da Ordem em todos os países cristãos, ficou evidente, quase logo, que o cargo de ministro geral já não era suficiente. O ministro geral já não podia exercer suas obrigações pessoalmente junto a todos os irmãos. Por esta razão a ordem se dividiu em famílias menores que receberam o nome de províncias. No começo o ministro geral instituía os ministros provinciais, para que fossem sua presença junto aos irmãos da respectiva circunscrição provincial. O cargo não era vitalício e podia ser comissionado em qualquer momento a outro irmão. Quando as províncias por sua vez se tornaram muito extensas, foram divididas em entidades menores, chamadas Custódias. Mas parece que em 1223, quando foi redigida a RB, a palavra ‘custos’ designava ainda genericamente o superior. A RB chama também as províncias de ‘custódias’.

Aos ministros provinciais, chamados aqui também de ‘custodes’, é dado o direito de vigilância sobre o ministro geral. Quando parecer à totalidade (ficando aberta a questão de como entender juridicamente esta ‘universitati ministrorum’) que o ministro geral não seja idôneo para o servitium e o bem comum dos irmãos, então os ministros provinciais têm o dever e o direito de eleger outro ‘in custodem’. Este direito de vigilância em relação a seus ministros, a RNB outorgava a todos os irmãos, mas a RB já não fala disso. Como inovação, da qual nada consta na RNB. se introduz a vigilância do Capítulo geral sobre o ministro geral. Entretanto, se levarmos em conta que também a primeira forma de vigilância foi realmente praticada na Ordem durante séculos, constituindo parte integrante de todos os Capítulos, chegamos à conclusão de que, em muitos pontos não fixados pela Regra, a tradição viva da Ordem continuou a vigorar ao lado da mesma, e plasmava a organização conventual.

Em nome do senhor. Tem especial importância a advertência dada aos ministros de exercer seu oficio “in nomine Domini”, com olhar voltado para Deus. Não deverão considerar interesses humanos ou de politica interna. Como tantas vezes, a Regra oferece para a liberdade concedida não uma sanção jurídica, mas religiosa, apelando à responsabilidade diante de Deus. Para São Francisco o olhar para Deus é ligação mais forte do que as normas legais. Desta constatação nascem as dúvidas mais sérias em relação à tese que afirma ser a RB obra da Cúria Romana. Temos diante de nós um documento do genuíno espírito cristão de São Francisco, cuja originalidade era bem peculiar.

Os escritos de São Francisco nada dizem sobre o modo da investidura do ministro provincial, nem sobre a duração de seu ofício. Porém São Francisco na Adm 4 exortou os prelados a que não considerassem o cargo como propriedade sua e o depusessem sem resistência se isso lhes fosse ordenado. Podemos pois supor com razão que a duração de ofício de ministro provincial dependia da vontade do ministro geral. Isso é confirmado pela decisão do Capítulo geral de 1239 que tirava ao ministro geral a faculdade de nomear ministros provinciais, doravante eleitos pelo Capítulos provinciais.

Post capitulum vero Pentecostes ministri et custodes possint singuli. Si voluerint et eis experire videbitur, eodem amno in suis custodiis semel fratres suos ad capitulum convocare.

Depois do capítulo de Pentecostes, os ministros e os custódios, se o quiserem e lhes parecer conveniente, convocar uma vez para, durante o mesmo ano, celebrarem em suas custódias.

RNB: Todo ano pode cada ministro reunir-se com os seus irmãos, na festa de São Miguel Arcanjo, onde lhes aprouver, para tratar com eles das coisas que se referem a Deus. E mais, todos os irmãos que forem súditos dos ministros e servos observem com diligente atenção o que fazem os ministros e servos. E se acaso virem que um deles vive segundo a carne e não espiritualmente, conforme corresponde à retidão de nosso gênero de vida, tratem de adverti-lo por três vezes. “Se apesar disso não se emendar, deverão denunciá-lo, no capítulo de Pentecostes, ao ministro geral de toda a fraternidade, sem deixar-se intimidar por contradição alguma.

Podem os ministros e custódios. Na RB era de competência dos Ministros provinciais o poder de distribuir os irmãos sob sua jurisdição pelos vários Conventos de sua província; eles eram, de inicio, o superior imediato de cada frade: a eles se devia dirigir quando em em dificuldade; eram eles os responsáveis pela roupa e demais necessidades dos irmãos súditos, particularmente pelos doentes e pelos que viviam em eremitérios. O Ministro provincial devia ser o refúgio daqueles que tivessem caído em pecado mortal. Deviam ser denunciados ou enviados a eles os frades que de alguma forma desprezassem o ideal da Ordem e as prescrições da Regra.

Para poderem corresponder melhor a todos esses encargos, os Ministros provinciais eram investidos do direito e do dever de fazer a visita aos irmãos súditos e estes por sua vez tinham o direito de recorrer a eles, de queixar-se contra eles e do dever de controlar sua administração.

Cabia ainda exclusivamente aos ministros provinciais examinar os candidatos à Ordem e admiti-los ao Noviciado. Podiam decidir sobre o traje dos noviços, mesmo afastando-se do teor verbal da regra, contanto que tivessem um motivo justo. Competia-lhes de início o exame e a aprovação para o ministério da pregação, reservado em 1223 ao ministro geral. Neste mesmo ano lhe foi confirmada a faculdade de examinar e enviar os missionários, faculdade que aliás já possuíam em 1221.

Os ministros provinciais participavam do governo da ordem quando, reunidos em capítulo geral, debatiam as necessidades comuns. Nessa ocasião elegiam o ministro geral, se o antigo tivesse falecido ou tivesse ficado comprovada sua incapacidade para o cargo. Em ambas as regras fala-se do direito de convocar capítulos próprios para as suas províncias. A regra deixa em aberto a possibilidade de eleger também irmãos não sacerdotes para o cargo de ministro provincial. Mas isso foi excluído em 1240.

Podemos dizer: o que o abade era nas antigas ordens, o ministro provincial é na vida dos frades menores; o que lá era o ‘monastério’ aqui é a província; ela se apresenta como abadia que se estende sobre certo território. Por isso a Regra não menciona outros superiores abaixo do Ministro provincial, que fossem responsáveis pelos irmãos. Também em Celano os ministros provinciais são superiores que nos anos seguintes ampliaram sua posição “de facto”, influenciados pelo ideal dos abades. E afinal frei Elias, com razão, procurou fechar a lacuna jurídica referente ao ministro geral, tornou-se – é preciso dize-lo claramente – o bode expiatório da reação das províncias do noite europeu, que, em 1239, reivindicaram para si o direito de eleger seu próprio ministro, chegando o Ministro geral a perder sua posição anterior, aqui também aparece de novo o predomínio do ideal das abadias.

De outros superiores a RB não faz menção, muito menos dos superiores locais.

O oficio dos CUSTÓDIOS não foi logo claramente delineado; tem-se a impressão de que a designação de ‘custódia’ na RB é usada como título explicativo para os cargos da Ordem. Sabe-se porem que já na da RB, na Alemanha, o cargo de Custódio era conhecido e já claramente delineado em suas atribuições. Isto pode ser um indício de que São Francisco misturava essas designações ainda bem recentes. Em sua derradeira evolução, o custódio governava, em subordinação ao Ministro provincial, uma “Custódia”, parte de uma província, gozando de ampla independência e agindo sob responsabilidade própria. Nas épocas sucessivas, os custódios foram perdendo influência a favor dos Ministros provinciais.

São bem escassas as notícias sobre os GUARDIÃES. A RB nem mesmo cita o cargo, certamente porque só então começava a delinear-se a organização de residências fixas. A regra não podia portanto regular essa evolução. Convém reparar nisso tanto mais quanto a Carta a um ministro, cronologicamente anterior à RB, propõe o guardião como o primeiro refúgio para irmãos que tivessem pecado gravemente. No início, o “guardião” não era um verdadeiro “oficio de governo”; a ele os frades obedeciam como representante do ministro provincial. Mas o

cargo já se revestia de uma função peculiar, pois o ministro é solicitado a comunicar, num determinado caso, a sua opinião aos guardiães. Já no Testamento Francisco atribui aos guardiães a posição de superiores que em virtude da obediência têm praticamente um ilimitado poder de mando sobre seus súditos. Eles são os superiores imediatos de cada frade em particular. Se em outra ocasião São Francisco exorta os custódios a entregar aos que “tem o cuidado dos irmãos” a carta que lhes dirigia, pensa com toda certeza nos guardiães. Somente a partir de 1260 os guardiães assumiram o papel de “prelados”. com a responsabilidade canónica e pastoral dos frades a ele confiados. A eleição competia antes ao Ministro provincial, depois ao frades do convento e enfim ao Capítulo provincial.

Convocar os irmãos para celebrarem o capítulo. Os ministros provinciais. Voltando do Capítulo de Pentecostes para as suas províncias, podem convocar para o Capítulo todos os irmãos “in suis custodiis”, isto é, em suas províncias. O Capítulo provincial, à semelhança dos primeiros Capítulos da Ordem. deviam ser o “convir” de todos os irmãos em torno de seu ministro. Nesta ocasião o ministro provincial punha-os a par das decisões e deliberações ocorridas no Capítulo geral. Essa foi certamente a razão para fixar o Capítulo provincial “post capitulum Pentecostes”. O sentido e a importância deste Capítulo era manter o vínculo da unidade entre “toda fraternidade provincial”.

Na época anterior à fixação local dos irmãos, era muito relevante a função desses capítulos. Constituíram um elo forte que estreitava uma comunidade frouxamente concatenada. Deviam consolidar nos irmãos a consciência de sua solidariedade comunitária, ameaçada pela itinerança. Garantiram portanto uma vida unitária entre os irmãos espalhados pelo mundo inteiro. Nestes capítulos, como dizem as fontes antigas, os frades – tratavam das coisas que se referiam a Deus – tratavam da retidão de sua vida – faziam leis santas; – confraternizavam juntos.

Como mostra a Carta a um Ministro. os capítulos desde cedo tinham autoridade consultiva e legislativa. A RB nada diz a respeito. Mais uma prova de que a Rega não pretende regular todos os pormenores da vida comunitária dos frades. Muitas coisas eram determinadas pela vida que a comunidade de fato levava. Nestes problemas nosso Santo Pai deixava larga margem à evolução dos acontecimentos. Fixava apenas as normas mais gerais, e deixava o mais à ação de Deus em seus irmãos.

RNB: Para tratar com eles das coisas que se referem a Deus. Esta tarefa dos Capítulos provinciais, talvez a mais importante, é expressa num inciso. Nos capítulos, o ministro a quem está confiada a cura de almas dos irmãos, deve esforçar-se por firmar os irmãos em sua vida voltada para Deus. Os capítulos eram dias de recolhimento, durante os quais os frades deviam de novo cultivar sua vocação. Os capítulos portanto tinham um caráter mais ‘religioso’ que administrativo. F e seus companheiros souberam realmente dar à ordem formas de organização que nasceram de sua própria vida, expressão autêntica de sua tão dinâmica espiritualidade. Se na evolução posterior foi necessário acomodar muitos pontos às prescrições do Direito Canônico, ainda assim as linhas fundamentais se conservaram intactas até hoje, de sorte que na situação vigente os cargos e instituições continuam a ser a expressão de uma vida e mentalidade verdadeiramente minoritica.

RNB: Observem diligentemente. Parece convite a policiar os superiores; mas “observar” significa guardar, conservar, vigiar, ficar de olho; é, portanto, um observar que é abertura, disposição de conservar, de conter, a partir de um vigor anterior. Por isso a expressão perde o tom “policial” de julgamento e adquire o sentido de cuidado com a identidade, pois se consegue observar no outro aquilo que nós observamos e guardamos como nossa própria identidade. Disso percebemos em que larga medida São Francisco tornava todos os irmãos responsáveis pelo kairós da comunidade que dele surgira: não só os ministros, mas todos os irmãos respondem solidariamente pela “retidão de nossa vida’.

Nossos encontros fraternais de reflexão talvez se aproximem bastante à forma originária de realizar “capítulos”. Nestes encontros o explicitador tem somente a função de propor e sugerir uma reflexão, na qual todos os irmãos ensinam e aprendem, procurando esclarecer o que temos de mais precioso e caro: a Vida Religiosa Franciscana. O modo de ser do encontro reflexivo é ser ao mesmo tempo encontro com os outros e encontro consigo mesmo. Cada um e todo um mundo de atitudes, compressões, virtudes e defeitos, facilidades e dificuldades, uma história com seu passado, sua formação, suas perspectivas, esperanças e receios para o futuro. Este mundo tenta abrir-se ao mundo do irmão, para acolher nova compreensão, nova experiência, deixando-se questionar e desafiar, deixando-se colocar em perigo, mas também confirmar pelo outro. Nesse duplo encontro escutamos melhor a mensagem do Senhor que habita e se revela na interioridade, a mais intima de cada um.

Reflexão não e discussão. Na discussão queremos averiguar e determinar quem tem razão: há, pois, luta entre teses, até que uma vença e domine a outra. Na reflexão pode haver também discussão, mas sua finalidade não é dominar o outro e mostrar que se tem razão. A reflexão é antes dobrar-se sobre si mesmo (refletir) para o recolhimento de um diálogo. Reflexão é propriamente um diálogo consigo mesmo, no encontro consigo, com o outro, com o mundo: diálogo não é entrar em acordo, eliminando as diferenças, mas desafio de um caminho.

Os capítulos nos são bastante familiares; por isso é útil ponderar como se preparar para um capítulo e como vivê-lo, vista sua importância para o viver franciscano, para seu cultivo e sua estruturação. Preparação é sempre preparação para…, e um ajeitar-se, dispor-se, munir-se de, para um determinado objetivo. Assim, uma preparação tem de antemão um objetivo à sua frente, para o qual nos encaminhamos e nos prepararmos. É pois o objetivo que comanda o que e como devemos fazer a preparação.

Na preparação de um capítulo, o que vem por primeiro à tona, o que mais nos atinge e a expectativa do nosso interesse, pessoal ou grupal; é o que chamamos de “subjetivo”. Um capítulo realizado somente a partir de uma tal colocação, transforma-se num aglomerado de interesses subjetivos, quer particulares quer grupais, e deixa de ser uma busca, um empreendimento realmente comunitário e comum.

Para que um objetivo seja realmente objetivo e não se transforme em aglomerado de interesses subjetivos, é necessário ver claramente que algo como o capítulo tem um interesse seu próprio, anterior a todos os nossos interesses subjetivos. É que o capítulo é uma realidade dentro de uma realidade mais abrangente, mais profunda e superior: a Ordem Franciscana: e esta, por sua vez, é uma realidade dentro de uma realidade mais abrangente, mais profunda chamada Igreja ou Povo cristão. E este, por sua vez, esta todo ele de corpo e alma engajado profunda e intensamente a serviço do supremo projeto universal, vivido, trabalhado. testemunhado por Jesus Cristo e seus seguidores, e entregue a nos como herança, tarefa e programa de vida.

Existe, portanto, para o capítulo um fim supremo, anterior a tudo, dado a nos como uma incumbência, como ideal e tarefa, que nos obriga, não como a escravos ou a empregados ou funcionários, mas como uma comunidade de adultos livres, que assumiram através de juramento livre e cordialmente proclamado diante da assembleia do povo cristão, a honra, a missão, a vocação de colocar todas as potencialidades na realização desse supremo fim: viver o projeto de tida que vem de Jesus Cristo.

Esse projeto de vida cristã é como a estrela polar orientadora que comanda todos os fins e todos os objetivos que possam ocorrer no percurso do nosso encaminhamento cristão. Por isso, tenha eu expectativa que tiver para o capítulo, essa deve estar orientada pelo supremo fim, orientador de JC. Sem uma ideia clara desse discipulado, sem o conhecimento do seu modo próprio de ser e de sua estruturação interna, tudo que fazemos e não fazemos na Vida Religiosa, inclusive o capítulo, fica sem rumo, indeterminado e confuso.

Uma preparação pode ser imediata e remota. Preparação é o que desemboca diretamente na ação para a qual nos estamos ajeitando. Existem coisas que se podem obter e fazer de imediato, sem grandes dificuldades, conquanto se tenha recursos para isso. São essas as realidades que não exigem um crescimento humano como arrumar lugares, organizar agendas, fazer programações, e até certo ponto, fazer propagandas eleitorais, fazer a boca da urna.

Mas não se trata de atitudes, de modos de ser e de pensar, de capacidade e habilidade de discernir o essencial do acidental, do senso de responsabilidade, da maturação pessoal, da competência em compreender a situação concreta do momento, da habilidade em discutir, enfim tudo que exige um real crescimento humano, isto é, tudo que exige uma longa preparação remota, bem trabalhada, bem assimilada, bem conquistada, portanto quando se trata de habilitação humana, você não consegue obtê-la nem fazê-la em pouco tempo, logo, durante a preparação imediata. A eficiência nesse tipo de coisas, pressupõe que você tenha feito um bom trabalho, consciencioso, responsável na preparação remota.

Na preparação remota não é bem a preparação que é “remota”, longe da preparação atual. É antes o que você vem trabalhando desde o inicio da sua entrada na Ordem, todos os dias, continuadamente, como a sua tarefa essencial e fundamental de toda a sua vida religiosa, como a tarefa de um crescimento paulatino que permanece. Por melhor que seja a preparação imediata, se essa preparação remota estiver ausente em mim ou na comunidade, se não houver a percepção nítida da importância vital e da necessidade desse tipo de trabalho essencial e radical, um capítulo não traz frutos reais duradouros, por mais que se pense ter realizado mudanças estruturais. É como querer injetar de uma vez, para fins imediatos, vitaminas, soros e tonificantes num corpo doente, esgotado e agonizante, do qual antes nunca se cuidou, deixando-o à mingua por negligência, descuido e indiferença e pela ausência de um engajamento responsável em assumir no concreto real do dia-a-dia. Se, porem, a preparação remota estiver presente como um trabalho pessoal e comunitário, bem consciente, assumido, como a tarefa elementar e essencial de cada um e de toda a Ordem, província ou comunidade local, então mesmo que a preparação imediata fracasse ou mesmo que no capítulo não aconteça nada de revolucionário, o todo da comunidade humana, assim sabiamente inserida no cultivo do seu vigor radical e fontal crescerá para sempre melhor, mesmo que dê galho ou se quebrem galhos da copa, uma vez que o tronco e as raízes estão bem cultivados.

Diz o Fioretto 18 que no Capítulo da Esteiras os frades se espalhavam pela planície, divididos em turmas, “ocupados somente em falar de Deus, em orações, em lágrimas, em exercícios de caridade, permanecendo com tanto silêncio…”. O capítulo é uma reunião fraternal, participativa, viva; trata-se de uma ordenação hierárquica do povo de Deus; pode ter o cargo ou sistema que tiver no sentido sociológico, mas o espirito, o vigor que anima é o vigor divino, pois hierárquico significa vigor divino. Vigor que não cria escalação de poderes, mas escalação de cuidados, de deveres de cada um, de um para com o outro, cada um para todos, tendo uma maneira de ser toda própria que se chama fraternidade. Mas essa fraternidade só se torna fraternidade no sentido de projeto de vida, que constrói pessoas e grupos.

O Capítulo é descrito como o campo de um exército, unido sob as ordens do Senhor. Antigamente, quando um exercito fazia cerco a uma cidade, organizava-se em grupos: ca de 50 até 70 homens. Era mais ou menos assim que os frades estavam organizados. E era de verdade o campo e o exercito dos Cavaleiros de Cristo, pois era um grupo decidido, engajado no único projeto de Jesus Cristo. Falar de “exército dos Cavaleiros de Cristo” é a percepção da força ordenadora de um grupo decidido a fazer uma única coisa, disposto mesmo, para valer. Vendo de longe dava uma beleza de ordenação. Já reparou que Nossa Senhora é chamada de “ala ordenada de um exercito”? É esquisita essa imagem. Imagina-se o exército enfileirado para uma batalha. Nossa Senhora é chamada assim porque se entende o seu “sim” como disposição engajada, nítida, disposta, como um: “Aqui estou, Senhor”.

Imagine o capítulo como um grupo de pessoas assim, com um projeto só, todos irmanados nele; um¡ grupo concentrado num único interesse, no campo aberto do “mesmo projeto” chamado Reino de Deus. Ordem, então, é um grupo que se reúne no campo da Igreja, e ao se reunir forma turmas, isto é, grupos concretos, concrescidos no mesmo interesse. Capítulo é para tomar e retomar essa disposição em referência à nossa vocação. O modo de ser de nossa vocação é de ter uma atitude de ordenação assim, por isso os grupos de religiosos são chamados de ORDEM. Ordem religiosa.

Ocupados somente em falar de Deus, frades, concentrados no seguimento de Jesus Cristo e esquecidos das dificuldades, falavam daquilo do que estava cheio o coração: falavam de Deus. Falar de Deus significa falar dos ‘interesses’ de Deus. Em grupo de médicos tem colóquio de médico, um grupo de mecânicos tem colóquio de mecânicos, um grupo de artista tem colóquio de artista. Assim acontece com o divino; esse divino é o interesse do povo de Deus, e tudo o que se refere ao seguimento de Jesus Cristo é colóquio divino. Tempo de capítulo é tempo de se conscientizar, de conversar, estudar, discutir, decidir como ordem, apesar de todas as dificuldades, é conversar, estudar, discutir, decidir do interesse do Senhor e que isso tudo é colóquio divino.

Ocupados em orações: oração é se dispor para entrar em contato imediato com a força divina que nos move, para haurirmos essa força de dentro de nós, pois estar concentrados no discutir as coisas de interesse do deus de JC é estar concentrados para captar a energia desse mesmo Senhor.

Em lágrimas: temos dificuldade de compreender isso. Na vida da ordem e em cada um de nós também, às vezes há uma dureza, uma indiferença que não percebemos por causa das lutas da rotina. Não se vê de vez em quando um noviço ou um professa escandalizar-se com coisas que o veterano faz, coisas que para nós já não representam muita dificuldade? Nesses momentos percebemos que estamos ficando duros por dentro, indiferentes, meio curtidos. Ficar curtido é bom para a luta e temos que nos curtir, mas se não se cuida, se fica sem vergonha: não se sente mais nada, em referência a oração, a Jesus, em referência a toda nossa caminhada; começamos a ficar menos sensíveis. O dom das lágrima é quando esta insensibilidade se rompe e o Espírito Santo nos faz sentir, do fundo de nós mesmos, arrependimento grande, gratidão grande; nessas ocasiões você chora. Lágrimas são, então, um dom que renova. Você sente a alma ficar lavada, para de novo sentirmos o Senhor numa atitude mais originária. Lágrimas, significa, portanto, que estavam concentrados em renovar o próprio sentir religioso de frades menores.

Em exercícios de caridade. Sabemos que a caridade fraterna é muito difícil: trata-se de um exercício muito duro, onde você tem que se limar muito a si mesmo; não somente ser mais tolerante, mas também mais exigente de seu próprio viver humano em seus diversos aspectos.

Permanecendo com tanto silêncio: concentrados no objetivo, no projeto comum. Engajamento não faz barulho, não é algazarra: é um silêncio de concentração que não se perde em palavra inútil ou frívola. Ninguém ousava dizer fábulas. Fábula, fabulação é conversa mole, falatório e principalmente gabar-se; gabar-se, sem fazer aquilo de que se gaba, e não dizer a verdade. Para que daquela disposição e trabalho saia alguma coisa para o Reino de Deus tem que ter cinto apertado a fim de ser inteiramente real. É um grupo não serião, mas inteiramente engajado num único projeto: a vocação de Religiosos. No lugar onde estavam, havia vimes e esteiras por cama, e pedras e paus por travesseiro; isto é, os frades fizeram aquela reunião com o mínimo necessário, para se concentrar no essencial. O capítulo é momento de se concentrar no mais necessário, isto é, no destinar-se da Ordem. O mínimo necessário significa concentrar-se de tal maneira na vocação e na missão, de não gastar energia naquilo que possa afastar desta concentração. Significa estar livre do interesse particular e de tudo que não seja a vocação do seguimento. Ao mesmo tempo significa assumir as privações, enfrentar as intempéries, as dificuldades que o caminho traz, conscientizando-se para encará-las não tanto como sofrimento, mas como coisas que pertencem à nossa vocação, porque nós somos seguidores de Jesus Cristo. Dificuldades que vem do nosso encargo, de gênios diferentes…: encarar isso como chão, terra nua, pedra vimes sobre os os quais se vai dormir. Encarar como pobreza no seguimento de Jesus Cristo, lembrando que todas essas dificuldade da terra dos homens nos pertencem, são da nossa caminhada.

Esse concentrar-se no mínimo é confiar na Providência Divina. A compreensão de providência Divina na vida franciscana é bem diferente da usual. Não é cruzar os braços porque Deus vai cuidar. É, pelo contrario, concentrar-se primeiro e inteiramente no serviço do Reino de Deus, no engajamento por ele, e o resto virá por acréscimo. No fundo, porem, sempre pensamos: e se não vier? Mas quem professa a Providencia de Deus como sua bandeira diz: “Senhor, mesmo que eu morra de fome, não vou desconfiar de você, não deixo de trabalhar por você. Por favor aceite o meu serviço”.

Em tempo de Capítulo se sente as dificuldades do todo, e no tentar resolver pode haver muito desânimo. Se uma província estiver tão cheia de problemas que ninguém consegue resolver, se alguém individualmente sente que não dá conta do seu serviço, quem confia na Providencia divina pensa: “Só Deus pode nos salvar, pois por mais que eu faça, preciso de Deus para não perder o ânimo”. É momento de pensar que todas essas coisas são para dizer a Nosso Senhor: “Nós vamos fazer tudo o que podemos, e vamos nos concentrar em doar-nos a você. Agora, Senhor, todo o resto você cuide. por favor”.

Viver com o mínimo possível, arriscar, confiar na Providência Divina, tem a conotação de imitar Jesus Cristo que fez o mesmo, na total e cordial positividade de seguidor do Pai, até mesmo na morte de cruz. Quem toma essa atitude e pede a Jesus Cristo que lhe de fé reta, esperança certa, caridade perfeita, recupera de novo a inocência originária. Faz desaparecer do mundo a toxina da vingança e do ressentimento. Estes frades sofriam, lutavam, mas nunca murmuravam, nunca diziam: ‘Ah! A vida está ruim, nossa Ordem está mal. Como isso vai continuar?”. Diziam: ‘Vamos lutar, que Deus vai cuidar. Aconteça o que acontecer, do Senhor não duvidamos. Ele é amor, misericórdia: agradecemos porque nos escolheu”. Essa atitude traz de novo para o mundo a paz ao mundo, traz o paraíso perdido.. Sem tirar nada do sofrimento, cria corações, que não tem mais espírito de vingança ou ressentimento porque a coisa não está como se imaginava e gostava. E é isso que atrai todo o poro de Deus: todo mundo é convocado ao redor desse modo de ser, que é de JC crucificado. Por isso, o texto descreve todo mundo vindo para admirar, conviver, estar junto desse grupo de frades menores.

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