História

Igreja e Convento de Santo Antônio: 414 anos

1. OS FRANCISCANOS NO RIO DE JANEIRO 

Os Franciscanos chegaram ao Brasil com Pedro Álvares Cabral. Eram oito e seu superior, Frei Henrique Soares de Coimbra, celebrou a Primeira Missa em terras brasileiras. Desde então, os Franciscanos são a única Ordem que jamais deixou o Brasil. Os primeiros Frades chegaram ao Rio de Janeiro em 1592 e se domiciliaram numa ermida perto da Praia de Santa Luzia. De lá passaram ao Morro de Santo Antônio (assim chamado, porque nele havia uma capelinha dedicada ao Santo). A pedra fundamental do convento e da igreja foi posta no dia 4 de junho de 1608, na presença de todas as autoridades e de “grande multidão de povo”. A entrada dos Frades no novo Convento se deu no dia 7 de fevereiro de 1615. Esse convento, de um só piso, foi-se tornando insuficientes pelo número de Frades. Em 1748, foi substituído pelo atual, terminado em 1780.

2. O CLAUSTRO E SUAS CAPELAS 

Em torno do grande claustro havia sete capelas internas. Delas existem hoje cinco: a de Nossa Senhora das Dores, com belíssimo retábulo de sete pinturas com as sete dores de Maria; a de Nossa Senhora da Consolação; a do nascimento de São Francisco, com grupo escultórico religioso em barro cozido; a da morte de São Francisco, também com um belo grupo escultórico em terracota; a de São Joaquim, em cujo nicho há uma pintura representando o Morro Dois Irmãos, vista do Arpoador.

Desapareceram as Capelas da Sagrada Família e do Bom Jesus. Ainda no claustro encontramos um Crucificado grande, diante do qual se faziam as encomendações dos corpos dos Frades, que eram sepultados no chão do corredor.

No primeiro andar existe a Capela dos Três Corações, também conhecida como Capela das Relíquias, porque nela se conservam muitos relicários e incrustações de relíquias de santos e mártires. Em estilo barroco, com azulejos.

3. SALA CAPITULAR – UNIVERSIDADE 

No térreo encontra-se espaçosa sala, chamada Sala do Capítulo, onde, atualmente os religiosos atendem as Confissões. O teto canta os louvores da Senhora Sant’Ana. Nas paredes vemos quadros que representam Santo Agostinho, Santo Ambrósio, São Jerônimo, São Boaventura, Santo Tomás de Aquino, São Gregório Magno, Santa Cecília e Santa Margarida.

Nesse salão era dadas as aulas, quando, no dia 11 de junho de 1776, foi instituída no Convento a Universidade, com 13 cadeiras. Da Universidade temos notícias até 1820. Os excelentes professores prestaram muitos serviços também à Corte de Dom João VI e muitos deles participaram intensamente dos conchavos para a Independência do Brasil. Precioso crucifixo, com dossel e duas pinturas (a Virgem dolorosa e João Evangelista) presidem o fundo do salão, visto da atual porta de entrada.

4. REFEITÓRIO E CÁRCERE 

Ainda no andar térreo temos o refeitório, de 25,15 por 6,26 metros. Ainda podemos ver a escada que conduzia ao púlpito de onde eram feitas as leituras durante as refeições dos Frades. À esquerda de quem entra pendem cinco grandes pinturas a óleo sobre tela ou sobre madeira.

Representam Santo Antônio e Nossa Senhora da Glória, o Bem-aventurado Duns Scotus e a Imaculada, a Santa Ceia; a exaltação da Imaculada e sua nomeação para Rainha de Portugal, São José e Santo Antônio. São todos de autores desconhecidos. Desapareceram do refeitório primitivo as lages que cobriam o piso e os azulejos das paredes, que representavam cenas de caça. O refeitório dá acesso ao antigo cárcere, que tinha duas serventias: uma para castigar os Frades ou Padres delinquentes condenados pela justiça; outra, para a penitência de Frades que quisessem passar a Quaresma (ou outro tempo) a pão e água.

5. AQUEDUTO E PRIMITIVO POÇO 

No lado sul do Convento (que olha para a Av. Chile) temos ainda os últimos 15 ou 20 metros do antigo aqueduto, que vinha de Santa Teresa, passando pelos Arcos da Lapa, pelo Morro de Santo Antônio e despejava a água no Largo da Carioca, onde a iam buscar os moradores e onde as mulheres lavavam a roupa.

O aqueduto está soterrado, evidentemente seco, e dá passagem fácil a um homem em pé. No lado norte, no pequeno claustro do Mausoléu, temos um poço, ainda hoje de água límpida, mas não mais usada, que estava em uso já em 1697. Tem oito metros de fundo e seis de diâmetro e está todo revestido de cantaria. Deste poço tirava água Frei Fabiano de Cristo com sua famosa moringa e com ela curava os doentes ou lhes aliviava as dores. O Convento se servia de três poços. Os outros dois foram aterrados há mais de cem anos.

6. MAUSOLÉU IMPERIAL 

O Mausoléu é de construção recente. Data de 1937 e à sua inauguração compareceu em caráter oficial Dona Darcy Vargas. Aqui encontraram abrigo os restos mortais da primeira Imperatriz do Brasil Dona Leopoldina, falecida em 1826 e sepultada no Convento da Ajuda, onde permaneceu até 1911.

No Convento de Santo Antônio ficaram seus restos até 1954, quando foram transladados para o Monumento do Ipiranga, em São Paulo. No Mausoléu estão sepultados Dom João Carlos Borromeu e Dona Paula Mariana, filhos de Dom Pedro I e Dona Leopoldina; Dom Antônio Afonso e Dom Afonso, filhos de Dom Pedro II e Dona Teresa Cristina; e Luísa Vitória filha da Princesa Isabel, que nasceu morta. Desde 1982 repousam também, vindos de Portugal, os restos mortais da princesa Dona Maria Amélia, filha de Pedro I e Dona Amélia Augusta. O Mausoléu abriga também o ossário dos Frades.

7. SANTOS NO CONVENTO 

A história do Convento Santo Antônio enumera uma série de Frades que no Convento viveram e gozaram já em vida fama de santidade. Citemos em primeiro lugar Santo Frei Galvão, canonizado pelo Papa Bento XVI em São Paulo, no dia 11 de maio de 2007. Frei Galvão morou no Convento na segunda metade de 1761 e primeira metade de 1762, sendo ordenado padre na igreja de Santo Antônio, no dia 11 de julho de 1762.

Encontrava-se no Convento de Santo Antônio, em 1802, quando se deu com ele o conhecido milagre da bilocação, estando ao mesmo tempo no Rio e em São Paulo. Frei Fabiano de Cristo, falecido no dia 17 de outubro de 1747. A cidade inteira, com todas as autoridades, incluídos bispo e governador, se deslocaram para seu sepultamento. Seus ossos se encontram na igreja, sob o altar de Nossa Senhora dos Anjos e são visitados diariamente por dezenas de pessoas chegadas de todo o Brasil. Enumeremos ainda Frei Cosme, que percorreu a pé do Maranhão ao Rio, catequizando índios, Frei Estevão de Jesus, Frei Rogério Neuhaus, Frei Januário Bauer e outros.

8. CELEBRIDADES NO CONVENTO 

Entre os Frades que viveram no Convento de Santo Antônio e se tornaram celebridades, podemos citar Frei Vicente do Salvador, o primeiro superior, considerado o pai da Historiografia brasileira; Frei Mariano da Conceição Veloso, primo irmão por parte de mãe de Tiradentes, autor da “Flora Fluminense”, chamado pai da Botânica brasileira; Frei Francisco Solano Benjamim, que desenhou mil estampas de plantas classificadas por Frei Veloso; Frei Tomás Borgmeier, considerado um dos maiores entomólogos do século passado, com mais de cinco mil páginas científicas escritas; Frei Damião Berge, autor do livro “O Logos Heraclítico”. No campo da oratória são famosos Frei Francisco de São Carlos, Frei Francisco Sampaio e Frei Francisco Monte Alverne. Este último considerado o maior orador sacro nascido no Brasil. No campo da música religiosa destacou-se Frei Pedro Sinzig, conhecido em todo o Brasil por seu manual de cantos “Cecília”.

9. O CONVENTO: ÚTERO DA INDEPENDÊNCIA 

O Convento de Santo Antônio teve papel fundamental na Independência do Brasil. O grande mentor político de Dom Pedro foi Frei Sampaio, com quem o príncipe se aconselhava quase diariamente. Na cela de Frei Sampaio se agrupavam os próceres da Independência. O Convento já foi chamado por historiadores de “útero da independência”. Foi Frei Sampaio quem escreveu o discurso do Fico. Ainda hoje se conserva a mesa da cela de Frei Sampaio, na qual terá escrito não só o discurso do Fico, mas também todo o esboço da primeira constituição do império brasileiro.

No Convento morou Frei Antônio da Arrábida, que veio com Família real e era o mestre de Dom Pedro e preferiu ficar no Brasil com Dom Pedro a voltar a Portugal. Feita a independência, naturalizou-se brasileiro e continuou muito perto do Imperador, que o nomeou preceptor de suas duas filhas e o indicou para bispo coadjutor do Rio de Janeiro.

10. TRÊS FRANCISCOS ORADORES 

Nos tempos de Dom João VI três Franciscos, os três Frades do Convento Santo Antônio, enchiam qualquer igreja em que pregassem. Um é Frei Francisco do Monte Alverne, considerado por todos os críticos o maior orador sacro brasileiro. Outro era Frei Francisco de São Carlos, grande professor, poeta e músico.

O terceiro era Frei Francisco Sampaio, por quem Dom Pedro tinha uma admiração imensa. Foi Frei Sampaio quem fez o sermão no 14º aniversário da chegada da Corte ao Brasil, pregado na Capela real no dia 7 de março de 1822. No dia 25 de maio do mesmo ano, proferiu a “Oração fúnebre pelos mortos que foram assassinados na Bahia”, na igreja de São Francisco de Paula, com a assistência de Dom Pedro e de Dona Leopoldina.

Foi Frei Sampaio quem fez o sermão na data da aclamação do primeiro Imperador do Brasil, na igreja de Santo Antônio, na presença de Dom Pedro e de Dona Leopoldina. Frei Sampaio pregou também o sermão no dia da coroação e sagração de Dom Pedro I, na Capela imperial.

11. DOM JOÃO VI NO CONVENTO 

Dom João VI era particularmente devoto de São Francisco de Assis, uma herança, aliás, de toda a Casa de Bragança. Quando Dom João VI subiu ao trono fez voto de assistir todos os anos, no dia 4 de outubro, a Missa solene em honra de São Francisco. Sabe-se que ele foi fiel à promessa, como também fiéis foram Dom Pedro I e Dom Pedro II.

Enquanto viveram no Rio, era no Convento Santo Antônio que cumpriam o voto. Dom João VI costumava, na festa de São Francisco, vir em carro de gala de São Cristóvão, acompanhado da corte e demais fidalgos e um esquadrão de cavalaria. Enquanto subia a ladeira do Convento, bimbalhavam os sinos e o povo aclamava o Príncipe Regente.

Era recebido na portaria pela comunidade dos Frades. Costumava passar todo o dia de São Francisco no Convento, participando da refeição dos Frades. Dizem as crônicas que ele se servia dos talheres dos Frades.

12. MESTRE E CONSELHEIRO DE DOM PEDRO

Dom João VI nomeou mestre e confessor dos príncipes Dom Pedro e Dom Miguel a Frei Antônio da Arrábida. O Frade acompanhou a família real ao Brasil. No navio Frei Antônio leu com Dom Pedro o original latino da Eneida de Virgílio.

No Rio, Frei Antônio preferiu morar no Convento Santo Antônio ao palácio real. Sabe-se que Dom Pedro tinha pouca propensão aos estudos. Preferia a marcenaria e a equitação. Mas subia sempre ao Convento para as lições de piano e para receber os conselhos de Frei Antônio. Quando a Corte voltou para Portugal, Frei Antônio ficou no Brasil, ao lado de Dom Pedro, merecendo dele absoluta confiança e por isso mesmo teve grande influência na decisão de permanecer no Brasil. Proclamada a independência, naturalizou-se brasileiro e foi nomeado Diretor da Biblioteca Pública e Nacional. Em 1824 Dom Pedro o nomeia “educador literário” de suas filhas e supervisor de todos os outros mestres.

No dia 18 de julho de 1826, Dom Pedro lhe consegue da Santa Sé a nomeação de Bispo coadjutor do Rio de Janeiro, com direito à sucessão. Faleceu e foi sepultado no Convento Santo Antônio em 1850, aos quase 80 anos.

13. A IGREJA DE SANTO ANTÔNIO 

A pedra fundamental da igreja de Santo Antônio foi lançada no dia 4 de junho de 1608, mas as obras se estenderam até 1620. Para poder nela se celebrar a Missa foi posto um telhado provisório, sobre esteios. O retábulo mor é dedicado a Santo Antônio. Os laterais, um é dedicado à Imaculada Conceição e outro a São Francisco de Assis. Tudo em estilo barroco sóbrio. A capela mor está ornada por 16 pinturas, que contam fatos da vida de Santo Antônio. A igreja passou por vários restauros, alguns infelizes.

O teto, por exemplo, era em forma de caixão. Na reforma de 1920/1926, recebeu forma abaulada, que permanece até hoje. As paredes e o piso abrigavam sepulturas, que foram todas retiradas. Na capela lateral, dedicada a Nossa Senhora dos Anjos, se encontram os ossos de Frei Fabiano de Cristo.

À direita de quem entra, recentemente restaurada, temos a Capela primitiva da Ordem Terceira da Penitência, separada por uma grade de ferro. Os azulejos da nave foram várias vezes trocados. Ainda se encontra na igreja o púlpito em que pregaram os maiores oradores sacros do Rio nos séculos passados, mas sem serventia e deslocado de seu lugar original.

14. O ÓRGÃO DA IGREJA SANTO ANTÔNIO 

O antigo órgão, de 1750, de estilo barroco e considerado dos melhores do Rio de Janeiro, foi substituído, em 1932 pelo atual. Fabricado in loco por três técnicos alemães, é um órgão elétrico (a eletricidade entrou na igreja em 1911). Os tubos estão distribuídos nas paredes laterais da nave da igreja em caixas de estilo barroco, desenhadas e fabricadas na marcenaria do convento.

Do antigo órgão foram aproveitados os seis anjos que ornam as caixas. No coro do órgão, encontram-se as estalas (bancos) em madeira em que se acomodavam os Frades para a Oração coral. Mas não são as originais. As atuais foram fabricadas na marcenaria do Convento em 1923. No centro podemos admirar grande estante de leitura, chamada facistol, inaugurada em 1706 e restaurada em 2006.

O coro passou por diversas reformas até chegar a atual. No peitoril do coro, que olha para a nave, podemos ver o busto de 18 mártires japoneses. Não se sabe desde quando lá estão.

15. A BELÍSSIMA SACRISTIA

 

Excepcionalmente bonita é a sacristia. Seu pavimento é embutido com mármore português de diversas cores e lindos desenhos simétricos. A barra é revestida com painéis de azulejos portugueses e contam milagres de Santo Antônio. O forro é dividido por molduras que contornam pinturas marianas relacionadas a Santo Antônio. Forro, azulejos e piso são ainda os originais. O forro está sendo restaurado pela primeira vez em 2007. A grande peça artística que chama muita atenção é o arcaz feito de jacarandá, inaugurado em 1745.

De cada lado do arcaz existem portas de comunicação com a sala do lavabo. O lavabo é trabalhado em mármore português: sobre um pedestal repousa uma bacia em forma de concha. No centro dela ergue-se uma coluna, em cujos quatro lados golfinhos seguram torneiras na boca, e no topo dela pousa uma escultura feminina, provavelmente representando a Pureza.


The Church and the Convent of St.
Anthony Carioca Square, Rio de Janeiro

The church and the convent of St. Anthony in Carioca Square, Rio de Janeiro, were founded by the Franciscan Friar Vicente do Salvador on the 4th of June 1608. Friar Salvador, now known as the father of Brazilian historiography, wrote the first History of Brazil.

The church, despite all the renovations it has undergone, is very much the same as it ever was. The convent, with its unique façade, dates back to 1970.

The Franciscans arrived in Brazil with Pedro Alvares Cabral. It was Friar Henrique de Coimbra who celebrated the first Mass in Brazil and baptized our land as the Land of Santa Cruz, because at that time, the 3rd of May, the Santa Cruz Celebration was being held. The Franciscans settled on Santa Luzia beach in Rio de Janeiro in 1952.

In 1608, they moved to Santo Antonio Hill, were a chapel had already been built as a tribute to St. Anthony, and they built the first residence and church in homage to St. Anthony.

The Friars would never leave the place. In 1659, the convent became the headquarters of the Immaculate Conception Province, which covered the whole of Brazil, from Bahia to the south, including what are currently the states of Minas Gerais, Goias, Tocantins. Mato Grosso and Mato Grosso do Sul.

A particular fact: the foundations of the convent are 1,95 meters thick, the walls on the ground floor are 1,20 meters thick, and those on the second floor are one meter thick.

The great room, which lies to the left as you enter the convent, is where the Friars meet their followers. It used to be called the “Chapter room”.

The ceiling, which is dedicated to St. Ann, in still the original one. The walls show precious paintings depicting St. Augustine, St. Jerome, St. Ambrose, St. Bonaventure, St. Thomas Aquinas, St. Gregory the Great , St. Cecilia and Margaret of Antioch. The crucifix, with a canopy, and two paintings (of the Virgin and of St. John the Evangelist) are part of an oratory that used to be in the choir. This room was the University’s Aula Magna (13 chairs), which stood from june 1776 until shortly after 1820.

The cloister in host to various chapels, built in the 18th century and used for celebrating the Holy Mass privately: the Chapels of Our Lady of Sorrows, Our Lady of Consolation, Our Lady of the Immaculate Conception, St. Joachim, the birth of St. Francis and the death of St. Francis. At the end of one corridor of the cloister, where religious men used to be buried, there is a Crucifix, before which funeral prayers were sais from the 17th century.

Special attention should be paid to the Chapel of the Porziuncola, which is attached to the Church. The bones of Friar Fabiano de Cristo, who died with a reputation for sanctity on the 17th of October, 1747, lie here. He was a Friar-nurse and many miracles are attributed to him.
The Friar of the convent best known for sancitity is Friar Antonio de Sant’Ana Galvão, who studied here between 1761 and 1762, and became a priest on the 11th of July 1762. Bi-location was attributed to Friar Galvão in 1802: he was present at a meeting of Friars in Rio and, at the same time, was present on a farm in São Paulo, helping a woman to give birth.
The Convent was also outstanding in the field of science. Friar Vicente do Salvador is an example of that. Friar Mariano Veloso was Tiradentes’cousin and is remembered as the father of Brazilian Botany. Friar Francisco Solano Benjamin painted more than one thousand plants which were classified by Friar Veloso. The Convent Keeps a beautiful Christ of Patience (Bom Jesus) by him too.

Friar Francisco Monte Alverne is considered to be the greatest sacred orator to have been born in Brazil. Friar Francisco de São Carlos was a poet, and a wise teacher and orator. Some of his poems are shown in panels in the convent. In more recent times, Friar Pedro Sinzig was the best known composer of religious music in the last century and the author of the song book “Cecilia”.

Friar Tomás Borgmeier is known as one of the greatest entomolologists in the world, having published more than 5,000 scientific pages about ants and insects.

Friar Francisco Sampaio must not be forgotten either. He was a political advisor to Dom Pedro I. Meetings between the Prince and those who fought for Brazil’s independence were held in his cell. Friar Sampaio is the author of the speech in which the Prince promised the people that he would stay in Brazil, and of the first constitution of the Brazilian Empire. Dom Pedro used to visit the convent not only to meet Friar Sampaio, but also Friar Antonio da Arrábida, who was his teacher and, later, his daughtrs’ teacher.

When Dom João VI became the ruling Prince, he vowed to take part in the Mass and celebrations of St. Francis of Assisi every year. He abided by that in Rio de Janeiro, speding much of his time in the convent, taking part in the Mass and having lunch in the Friars’dining room. Dom Pedro I and Dom Pedro II also had the same custom.

The Friars’ dining room is the same as in the time of its construction, and measures 25.15 x 6.26 meters. On the wall there hang five large oil paintings, on wood and on screen. They portray St. Anthony and Our Lady of Glory; John Duns Scotus and the Immaculate Conception: the Last Supper; St. Joseph and St. Anthony. A tiled panel portraying animals disappeared from the dining hall.

The convent is home to the imperial mausoleum. The remain of two Dom Pedro’s children with Dona Leopoldina (Paula Mariana and João Carlos) of two of Dom Pedro II children with Dona Teresa Cristina (Antonio Afonso and Afonso) and fetus of an offspring of Princess Isabel and Count D’Eu (Luiza Vitória) lie there. The remains of Empress Maria Leopoldina were kept in the mausoleum until 1954. They now lie in the Ipiranga Monument in São Paulo. In that same spot in the mausoleum there now lies the body of Maria Amelia, daughter of Dom Pedro I and Amelia Augusta, which was brought from Portugal in 1982.

The church was designed in a discrete baroque pattern. On the main altar there is an extremely beautiful terracotta statue of St. Anthony. This statue is mentioned in stories written since 1710. A smaller one, also made of baked clay, stood there before this statue was placed there. The expulsion of the French from Rio de Janeiro is attributed to this statue and the people, therefore, did not want it to be returned to its place on the altar. Instead, they demanded that it be kept in front of the church so that it could protect Guanabara Bay day and night. Since then, a votive lamp has been kept lit. The statue is now known as St. Anthony of the Dew. It was paid a military wage, that of the rank of Lieutenant Colonel, until 1911. Its salary was used to fund soup kitchen programs. The statues of the Immaculate Conception and St. Francis on the side altars are not original. They are there since 1923.

The sacristy is extraordinarily beautiful. The ceiling, the floor and the tiles are original. The floor is made of multi-colored Portuguese marble. The tiles on the wall depict St. Anthony’s miracles. The ceiling, which was restored for the first time in 2007, depicts scenes of the Saint and of his devotion. The ark, made of jacaranda wood and finished in 1745, is beautiful.

Works on the restoration and revitalization of the Convent and of the Church were begun in August 2007,on the occasion of its 400-years anniversary. The architectural site of the Santo Antonio Hill has been a national monument since 1938. The sprawling city leveled the hill clearing the area for the Flamingo embankment at the end of the 1940s. A park was inaugurated there in 1955 to celebrate the 36th International Eucharistic Congress.

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16. IMAGENS DE SANTO ANTÔNIO 

A primeira imagem de Santo Antônio que esteve no retábulo maior encontra-se hoje no frontispício do convento. Sobre ela existe a lenda de que, tendo um frade esculpido o corpo, não conseguia acertar a cabeça, que teria sido esculpida por um pedinte, em poucos minutos, enquanto o Frade fora buscar para ele um prato de comida.

O fato é que a cabeça é separada do corpo. Foi esta a estátua que presidiu o exército na expulsão dos franceses em 1710. Em gratidão do povo, ela foi parar no frontispício da igreja e recebeu uma lâmpada votiva até hoje acesa. Todos os anos o Menino recebe uma veste nova.

Foi esta estátua do Santo que foi condecorada várias vezes pelas autoridades e recebeu soldo do exército até 1911. Ela é de terracota. A atual imagem do altar-mor, também de barro cozido, bem maior que a primeira, mostra o Santo descalço, sustentando o livro, o Menino, a cruz e o galho de lírios. Ela deve ter sido posta lá entre 1707 e 1710.

17. SANTO ANTÔNIO MILITAR 

Santo Antônio do Largo da Carioca galgou vários postos militares. A primeira promoção que recebeu dói de Capitão da Infantaria, em 1710, pois ele já tinha, no Rio o posto de soldado. O soldo era pago ao convento que o repassava aos pobres, que jamais faltaram à porta do Convento. Em 1810 foi promovido a Sargento Mor. Em 1814 foi promovido a Tenente Coronel.

O soldo foi suspenso por uma portaria, que até hoje não foi encontrada, do Ministro da Guerra, em abril de 1911. Santo Antônio recebeu três insígnias. A primeira consta de um bastão de comando que o Governador da Colônia do Sacramento lhe ofereceu em 1705.

Em 1814 o Príncipe Regente conferiu-lhe a Grã Cruz da Ordem de Cristo. Pouco depois lhe ofereceu uma riquíssima bengala de autoridade de seu uso pessoal. O Convento conserva as três insígnias.

18. A DECADÊNCIA DO CONVENTO 

Em 1796 moravam no Convento Santo Antônio 88 Frades, com um leque imenso de atividades que iam do atendimento local às missões pelo então chamado Recôncavo, atual Baixada Fluminense; que ia do atendimento aos hospitais à assistência em fortalezas e navios; que ia das pregações ao atendimento às muitas Ordens Terceiras em Minas Gerais.

Uma série de circunstância ocasionou a decadência do Convento, sendo a maior a portaria do governo imperial de 19 de março de 1855, proibindo a entrada de noviços em todas as Ordens religiosas.

Em 1878 tínhamos um único franciscano no Convento, aliás, em toda a Província da Imaculada Conceição, que abrangia o Brasil da Bahia para baixo. Com a vinda da República e a separação entre Igreja e Estado, os Franciscanos alemães vieram restaurar as duas Províncias brasileiras, uma com sede em Salvador da Bahia e a outra com sede justamente no Convento de Santo Antônio. Recomeça então uma história nova, uma verdadeira primavera que se prolonga até os dias de hoje.

19. TENTATIVA DE SEQUESTRO DO CONVENTO 

Com o esvaziamento do Convento, ele foi sendo povoado por outra gente estranha à Ordem. Em 1854 foi instalado no Convento o Arquivo Público, que permaneceu até 1872. Em 1855, o Ministério da Justiça ocupou várias salas para nelas instalar o Júri. Em 1885, aquartelou-se no Convento o Sétimo Batalhão de Intendência, ocupando boa parte do Convento.

Este batalhão permaneceu no Convento até 1901. Muitas celas foram ocupadas por escritórios de advocacia. No dia 4 de setembro de 1911, sem prévio aviso, o segundo Procurador da República e o Diretor do Patrimônio Nacional tentaram despejar os frades e sequestrar o Convento. Deram aos frades 24 horas para se retirarem. O povo cercou o Convento para segurar e proteger os frades. O Procurador tentou, então, a via judiciária, mas perdeu o processo e foi condenado a pagar as custas. Ainda recorreu ao Supremo, que lhe negou por unanimidade o provimento.

20. O MORRO DE SANTO ANTÔNIO 

No início era vasto o Morro de Santo Antônio, que os Frades receberam do governador Martim Afonso de Sá “com todas as pedreiras e águas, assim de poças como de fontes, que nele se acharem”. De fato, o convento e a igreja foram construídos com pedras do próprio morro. Nele havia ao menos três fartas fontes de água.

A primeira cessão de terra foi à Ordem Terceira da Penitência, fundada pelos Frades para os leigos que quisessem viver no século o carisma franciscano. No terreno doado, eles construíram a atual Igreja de São Francisco, um hospital e outras benfeitorias.

Grande parte do morro foi vendida em 1852, não só para saldar dívidas do convento, mas também por força de invasões, já que a cidade crescia para todos os lados. Mas o histórico desmonte começou em 1948. Com a terra retirada se fez o aterro da Praia do Flamengo, inaugurado em 1955 com o Congresso Eucarístico Internacional.

21. A BIBLIOTECA DO CONVENTO 

Não se pode pensar um Convento prenhe de história sem uma grande e rica biblioteca. Ela existe, mas necessitada de organização.

Mudou várias vezes de lugar no interior do Convento. Os livros anteriores a 1900, que escaparam dos interesses dos ocupantes do Convento, foram parar em biblioteca especial na Universidade São Francisco, em Bragança Paulista. O Convento conserva o catálogo daquelas obras.

A biblioteca, a partir de 1900, recebeu muitas obras em alemão, sobretudo de filosofia, história universal, teologia e revistas de cunho científico. Há uma inteira estante especializada em Música gregoriana e música sacra em geral. Como no Convento moraram Frades cientistas, Frades professores de literatura clássica, seus livros foram parar na biblioteca.

Como os Frades alemães que restauram a vida franciscana no Convento tinham em seus estatutos a obrigação de dedicar anualmente uma boa soma à biblioteca, ela é rica, eclética, multilíngue.

22. O FICO NO CONVENTO

Quando no dia 21 de abril de 1821, D. João VI embarcou de retorno a Portugal, deixou seu filho D. Pedro como Regente do Brasil. Os políticos que queriam pela independência aproveitaram a circunstância para incentivar a campanha.

Papel importante coube a Frei Francisco de Santa Teresa de Jesus Sampaio, com quem D. Pedro mantinha amizade e o visitava freqüentemente em sua cela, onde também os políticos se reuniam para estudar e planejar as normas a seguir. Quando em 1821 D. Pedro hesitava entre obedecer às Cortes de Portugal e voltar ao país ou permanecer no Brasil, Frei Sampaio não poupou esforços para convencê-lo a ficar.

Elaborou o célebre manifesto do povo que aos 9 de janeiro de 1822 o levou em grande passeata cívica até ao Palácio, pedindo que permanecesse no Brasil. Depois de lê-lo, D. Pedro dirigiu-se a José Clemente e proferiu a histórica frase:“Como é para o bem de todos e a felicidade geral da nação, diga ao povo que eu fico”. Os franciscanos não tiveram dúvidas em dar plena adesão à Independência.

O Provincial Frei Antônio de São José Mariano, brasileiro, nascido no Rio de janeiro, mandou carta circular a todos os conventos, mandando celebrar públicas e solenes ações de graças e na sagração do Imperador compareceu entre os dignitários para prestar o juramento de fidelidade.

Frei Sampaio, que nesta solenidade fez o sermão, continuou a prestigiar o Imperador, apoiou plenamente a sua ideia de fundar um Império Constitucional e apresentou-lhe um projeto de Constituição.

23. BATALHA DO RIACHUELO PINTADA NO CONVENTO 

A sala contígua à cela de Frei Sampaio, onde costumava o Príncipe Dom Pedro reunir-se para fala de política e independência, foi ocupada por algum tempo pelo pintor Vítor Meirelles. Como lhe faltasse luz para iluminar suas telas, abriu o teto, prometendo refazê-lo ao terminar o trabalho. Até hoje está a marca do teto consertado. Aqui Meirelles pintou em 1872 o famoso quadro da Batalha do Riachuelo, por comissão do Governo.

Entre os Frades destacou-se como pintor Frei Francisco Solano, falecido em 1818. Dele o Convento guarda um Ecce Homo, hoje exposto na sala penitencial. Frei Solano é autor de mais de mil desenhos de plantas catalogadas por Frei Mariano Veloso.

No primeiro piso do Convento podemos admirar os quadros de Tirone, pintados antes de 1860, que representam Frei Galvão, Frei Sampaio, Frei Monte Alverne, Frei São Carlos, Frei Antônio Rodovalho e Frei Antônio do Coração de Maria.

24. O ALTAR DE DUQUE DE CAXIAS 

O Convento guarda com carinho o altar portátil de Duque de Caxias. Ele costumava sempre mandar celebrar e ele participava da Missa antes das batalhas.

Tem forma de baú de 88 cm de comprimento e 55 de largo e 43 de altura. Está todo coberto de couro pregado por pregos de metal amarelo, dispostos em formas simétricas.

As dobradiças, asas e fechaduras são de ferro. Interiormente vê-se pintada na tampa a Ceia do Senhor. Há até um compartimento para guardar os paramentos.

Anualmente, no dia 25 de agosto, soldados do exército vêm ao Convento buscar o altar e sobre ele é celebrada a Santa Missa no Dia do Soldado.

25. O PÃO DOS POBRES 

Desde 1910 existe, ligada ao Convento, a Pia União de Santo Antônio, com mais de 200 membros. Tem como finalidade o incremento da devoção a Santo Antônio, preparar sua festa e trezena, e cuidar do “Pão dos Pobres”.

São mais de 360 as cestas básicas distribuídas, doação de amigos de Santo Antônio. Além disso, a Pia União mantém uma farmácia para os pobres, distribui cobertores, roupas e calçados. A distribuição de mantimentos aos pobres existe em todos os Conventos Franciscanos.

As Crônicas do Convento Santo Antônio volta e meia mencionam as somas gastas. Além de todo o trabalho da Pia União, são dezenas que diariamente vêm pedir ajuda na portaria do Convento, devendo o porteiro estar sempre atento para distinguir os verdadeiros necessitados dos ‘espertos’ profissionais, que não são poucos.