Convento Santo Antônio celebra o trânsito de São Francisco

04/10/2024

O Convento Santo Antônio, no Rio de Janeiro (RJ), recebeu, no início da noite desta quinta-feira, 03 de outubro, às 18h, uma celebração que teve como marcas a simplicidade e a intensidade. Os frades da fraternidade, algumas religiosas, irmãos e irmãs da Ordem Franciscana Secular, junto com o povo fiel devoto se reuniram para fazer memória do Trânsito de São Francisco, que recorda a passagem do Pobrezinho de Assis para a Vida Eterna.

De forma solene os frades entraram em procissão a partir da nave da igreja, todos com o hábito franciscano. Abrilhantando a ocasião e auxiliando na oração dos presentes, o Coral das Meninas dos Canarinhos de Petrópolis, sob a regência do Maestro Marcelo Vizani Calazans. Elas executaram a composição do Trânsito de São Francisco, com a Antífona e o Salmo 141 cantados em latim. A tradução da antífona é: “ Alma santíssima, em cujo passamento acorrem os cidadãos dos céus, os coros dos anjos exultam e a gloriosa Trindade convida, dizendo: permanece conosco para sempre”.

A celebração, com o Ofício das Primeiras Vésperas da Solenidade de São Francisco, foi dirigida por Frei Felipe Medeiros Carretta, o  mais jovem da Fraternidade do Convento. Frei José Pereira proclamou a Leitura das Fontes Franciscanas em que o biógrafo, Frei Tomás de Celano, narra a emocionante passagem dos últimos momentos de São Francisco neste mundo. Em sua reflexão, Frei Felipe recordou uma série de atitudes e qualidades que fizeram de Francisco esta figura que segue como referência para a Igreja e para a humanidade. “Enfim, Deus quis marcar Francisco e a nossa história, para que possamos compreender e entender que o amor pode ser amado! Marcas que brotam fidelidade no seguimento. Francisco é tornado para nós o vislumbre da possibilidade do final do caminho. Sem romantizar, Francisco é a clara visão que o ideal cristão é possível de ser vivido e partilhado”, destacou   o frade.

Enquanto o Coral das Meninas entoava o Trânsito, a igreja ficou em meia luz e todos, em pé, acompanharam segurando velas acesas, mostrando a fé na ressurreição que ilumina a esperança cristã. Logo após a bênção final, dada pelo Guardião do Convento, Frei Walter Ferreira Junior, com a Relíquia de São Francisco, todos os presentes se dirigiram ao claustro do Convento numa Procissão Luminosa. Ao som do clássico “Doce é Sentir”, os participantes da celebração se colocaram diante da Capela do Trânsito de São Francisco, que retrata a cena que haviam acabado de celebrar.

Encerramento do Tríduo contou com bênção do “mascote do Convento”

No terceiro e último dia do Tríduo em preparação à Festa de São Francisco, na celebração às 12h, na quinta, dia 03, Frei Luiz Colossi ligou o tema do dia, “Oração e Missão: discípulos-missionários da esperança”, com a postura cultivada por Francisco de gratidão e louvor a Deus pelos dons da Criação.

Num bonito arranjo disposto junto ao altar, foram colocados a Cruz, a Bíblia e a imagem de São Francisco. Durante a homilia, Frei Colossi pediu que alguns fiéis presentes fossem completando a cena com outros elementos: a imagem do Menino Jesus, depositada delicadamente na manjedoura que já estava preparada, a terra, o fogo, a água e o ar. Este último elemento representado por algumas bexigas brancas. Ao final da reflexão, uma surpresa: o vira-lata caramelo Leão, mascote da Fraternidade do Convento, foi trazido à Igreja para receber uma bênção representando todos os animais.

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Leia abaixo a reflexão do Frei Felipe Medeiros Carreta preparada para o Trânsito de São Francisco

Solenidade de nosso Seráfico Pai São Francisco de Assis I Vésperas 

Caros irmãos e irmãs! A todos a nossa saudação franciscana de Paz e Bem! Viva São Francisco!

Com grande alegria nos reunimos como família, ao redor da mesa do Senhor, neste ofício solene das I Vésperas da solenidade de São Francisco, para celebrar a vida e a história deste homem que inspira a todos: Francisco de Assis. Celebrar sua vida e morte é trazer ao coração todo o seu legado.

Fazer memória deste santo homem feito oração é trazer vida à nossa espiritualidade e  ao nosso modo de ser no mundo (franciscanos). Francisco nos encanta e nos compromete,  nos ilumina e nos impulsiona a iluminar, nos mostra o caminho e nos ajuda a caminhar, porque sua vida foi simples e grandiosa, porém, cheias de decisões que vislumbram e apontam a vida do Cristo pobre, humilde e crucificado (nosso modo de seguimento).

Estamos aqui hoje, neste dia em que fazemos memória de seu trânsito, sua passagem, sua Páscoa, no meio dos Jubileus do final de sua vida, para enaltecer suas marcas no mundo. Marcas que foram o próprio Deus que assim o quis: Marcas de sangue, cujo Jubileu das Chagas do Serafim Alado, que celebramos há pouco; marcas da vida nova, cujo jubileu celebramos no ano passado da Regra dos Frades Menores; marcas do amor encarnado, celebradas no jubilei do Presépio de Greccio, em 2023; marcas da sensibilidade do olhar amoroso na Criação de Deus, cujo jubileu celebraremos no ano que vem, com o Cântico das Criaturas e a marca da vitória, resultante de sua morte, que será a última celebração dos jubileus.

Enfim, Deus quis marcar, Francisco e a nossa história para que possamos compreender e entender que o amor pode ser amado! Marcas que brotam fidelidade no seguimento. Francisco é tornado para nós o vislumbre da possibilidade do final do caminho, sem romantizar, Francisco é a clara visão que o ideal cristão é possível de ser vivido e partilhado.

Todas essas marcas não foram fatos isolados na vida de Francisco, muito pelo contrário, estas marcas demonstram toda a assimilação de uma vida inteira dedicada ao Sumo Bem. Desde aquele incomodo salutar indo para a batalha de Perugia, desde aquele encontro com o Evangelho, desde o encontro derradeiro com o crucifixo de São Damião, desde o encontro com o leproso, desde todos os encontros de Francisco marcas foram criadas e para nós fica sempre o convite de seguir tal assimilação.

Celebrar o trânsito de São Francisco é para nós a possibilidade de reviver tal momento de sua vida e a esperança da possibilidade de vivência de seus ideais. Celebrar os jubileus de sua vida é a garantia de que o Senhor Jesus amparou o pobre de Assis e continua a nos liberar graças para a nossa vida e a vida de nossas fraternidades.

O servo humilde do Senhor sempre esteve muito atento e ligado com a Igreja de Roma, sempre quis ter por perto um cardeal protetor de sua Ordem, para garantir a catolicidade dos frades e de seu movimento. Desta forma, nós também queremos estar ligados com a Igreja, por isso, o tema de nosso tríduo preparatório foi: “Francisco: Homem feito oração, peregrino da Esperança”.

Deste modo a primeira antífona que cantamos neste ofício: “Francisco, homem católico e todo apostólico por Deus foi enviado, a fim de preparar o Evangelho da Paz”, nos introduz no mistério que foi a sua vida e assimilação da intuição à vida nova. E nos fica a pergunta: Qual seria a novidade do Evangelho da Paz sugerida por Francisco?

Creio que a novidade está no modo de se ler a realidade que nos circunda, o olhar sensível, o olhar fraterno, o olhar amoroso, o olhar da minoridade. Esta novidade é que fez e faz do poverello de Assis ser tão atual. Francisco nos faz, sempre de novo e mais uma vez, ser e viver tal como Jesus Cristo viveu.

E, assim, voltamos a primeira linha de nossa forma de vida: “A regra e a vida dos frades menores é esta: observar o santo Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo”. Eis meus irmãos o Evangelho da Paz.

Uma outra chave de leitura é que a vida de nosso Pai Francisco sempre foi um sustento, assim cantamos na segunda antífona: “Em sua vida sustentou a casa do Senhor e durante os seus dias o templo restaurou”. Ouso em afirmar que Francisco fora a outra face da pedra angular, pois a primeira é Nosso Senhor Jesus Cristo Ressuscitado. Francisco ao escutar: “Vai e reconstrói a minha Igreja”, literalmente vai reconstruindo capelas com as próprias mãos, porém, a casa do Senhor que precisava ser restaurada não era de pedra, mas sim, a Igreja do coração, que estava perdida e sem amor. Francisco reconstrói a Igreja do e no coração da humanidade, sua reconstrução abre o novo, é um apelo do próprio Espírito.

A necessidade da mudança é o olhar mais atento aos pobres e marginalizados. A reconstrução começa a partir de nós mesmos, e este é o convite de Francisco para nós hoje. Por isso, que em sua vida ele sustentou a casa do Senhor, não a do templo, mas a casa do coração.

Um elemento fundamental na vida desse santo foi a oração. Francisco sempre vivia em espírito de oração, ele era a oração encarnada.

Tudo isso que estamos refletindo e vivendo, tem sua raiz na oração. Ele atendeu e entendeu perfeitamente o mandato do Senhor: “Orai e vigiai”. Vigiar para que nada do “mundo” o tirasse deste estado contemplativo e ativo na missão. Tal espírito lhe concedeu a sensibilidade para com as coisas, pois nada em Francisco acontece por acaso, toda sua vida é um reflexo do Sumo Bem.

Francisco não quer atrair nada para si, mas quer levar a todos para Deus. Da mesma forma, Ele também quer  levá-lo para o Altíssimo. Desta forma, o nosso tema da festa deste ano nos ajuda a bem viver e a entrar no clima do Jubileu da Igreja: o Jubileu da Esperança. Oração e esperança, sinônimos da vida de nosso amado Francisco. Coincidência ou não, estamos nos melhores dias de nossa eclesialidade franciscana.

Francisco, hoje tu partes para o seu tão aguardado encontro, sua vida foi de encontros. Agora tu encontras quem tanto viveu e anunciou. Ajudai-nos a sermos fiéis em nossos encontros, sermos pessoas de oração, capazes de anunciar sempre a esperança de um mundo mais fraterno, mais amoroso e, principalmente, mais respeitoso. Amém!


Equipe de Comunicação Convento Santo Antônio do Largo da Carioca

 

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