“Tudo o que fizerem ao menor dos meus irmãos é a mim que o farão”. (cf. Mt 25,40)
Viver o Evangelho também é estar junto aqueles que clamam por piedade, cuidado e atenção. É ato de sair ao encontro de Deus por meio de ações concretas, é o desnudar-se dos “pré-conceitos” apresentados ao longo da vida, é olhar para o outro e ver nele um irmão.
Conforme nos diz São Francisco, “são verdadeiramente puros de coração os que desprezam as coisas terrenas, buscam as celestes e nunca desistem de adorar e de procurar o Deus vivo e verdadeiro com o coração e a mente puros”.
A vida de um frade franciscano exige desprendimento e encontro com Deus. Esse chamado vem muito antes do ingresso na vivência promovida nos acompanhamentos durante o período do ensino médio, pois o desejo de estar a serviço do Pai já pulsa no coração e na alma. É como se o caminho, a vontade e a busca por uma identidade religiosa, começasse pelo flerte com um carisma e uma espiritualidade envolta pela história de São Francisco de Assis e as práticas franciscanas. O que era um encantamento, fortalece e abre espaço na vida de muitos jovens para a vivência de uma profunda intimidade com Deus de uma maneira particular e própria da Ordem dos Frades Menores.
Essa caminhada crescente passa pela importante etapa do postulantado, “ um tempo no qual o candidato à vida religiosa pede para viver a vida franciscana, com o propósito de se preparar convenientemente para o Noviciado”. Esta experiência de formação abrange as dimensões: humana, cristã, psicológica e espiritual.
A formação é desenvolvida de forma integrada, com importante acompanhamento dos frades responsáveis pela formação. Para que essa imersão para compreender a si mesmo, a vida franciscana e buscar o encontro com o Pai, por meio dos ensinamentos de São Francisco, os candidatos estudam, oram e experimentam vivências comunitárias e sociais que favorecem a vivência do Evangelho na prática.
Vivência no Sefras
Uma das práticas é a experiência no Sefras- Ação Social Franciscanas, em São Paulo (SP), vivida todos os anos pelos postulantes do Seminário Frei Galvão. É um período de imersão nos serviços e projetos realizados pela Ação Social Franciscana.
Segundo Frei Walter de Carvalho Júnior, mestre do postulantado, que estava com os jovens na Fraternidade Santo Antônio do Pari, esse tempo permite que eles tenham contato com realidades mais desafiadoras, onde pessoas vivem em situações de marginalidade e vulnerabilidade. “São Francisco tem uma famosa passagem do abraço com o leproso, assim, a ideia é que nesse mês eles possam dar esse abraço nas pessoas que tem mais necessidade”, explica.
A experiência durou um mês e percorreu os projetos e serviços, nos quais os postulantes puderam vivenciar o trabalho social, mas também a solidariedade. “A experiência foi muito boa e foi a mais longa que tivemos. Começamos depois da pandemia com duas semanas, passamos para três e, agora, um mês. E o grupo aproveitou bastante, se mostrando mais interessados e mais engajados”, disse o frade.
Na primeira semana, Frei José Francisco de Cássia dos Santos, Diretor Presidente do Sefras, ministrou uma formação sobre o trabalho social a partir de textos bíblicos. Já Rosângela Pezoti, supervisora técnica da entidade franciscana, levou o grupo a refletir sobre a história e a atual realidade das políticas públicas no Brasil.
Um dos postulantes, Luis Naldo Rodrigues da Conceição, se emocionou com a experiência. Depois de conhecer os cinco grupos de atendimento do Sefras, havia definido participar do trabalho com crianças e adolescentes, as Casas Perfeita Alegria. No entanto, o destino o colocou no cotidiano da Casa de Clara, onde participam pessoas idosas. O objetivo do projeto é contribuir para o envelhecimento saudável, o desenvolvimento da autonomia e o fortalecimento dos vínculos familiares e comunitários, assim como, prevenir o isolamento e as situações de risco social, adaptando atividades voltadas para o fortalecimento físico e cognitivo.
“A Casa de Clara é casa de mãe! Casa com cheirinho de flores, vó, vô, cafezinho… aroma de amor! Foi uma escola onde o aprendizado é na prática. Não desempenhei nenhum auxílio, trabalho, colaboração, prestação de serviço, etc. nada disso! Fui discente de uma bênção de que sou muito grato. Fiz muitos amigos tanto lá quanto no bazar. Jamais esquecerei tamanho afeto. Foi incrível, pois quando cheguei lá eu me entrosei logo de cara. Por mais que o início eu fosse um pouco tímido devido à diferença de idade, o acolhimento e o carinho deles me trouxe amizades e laços”, lembra.
Ele afirmou também que a experiência trouxe uma maior compreensão sobre si. “Eu comentei com eles que tinha medo de ficar velho um dia, não pelas marcas de expressão, mas pela fragilidade da vida. E com o teatro que eles apresentavam, me mostram um outro olhar, mostrando que ser velho não é ser limitado; são apenas números mesmo”.
A seguir, os depoimentos dos demais postulantes
“Na Casa Franciscana, consegui tocar de forma concreta o carisma franciscano. Foi além de oferecer alimentos para o corpo, mas ser um com eles e permitir que o Evangelho fosse vida. Assim, atenção, empatia e afeto faziam parte da minha vivência com eles”. (Francisco Ivon da Silva Jr.)
“Durante a minha estadia na Casa Franciscana, vivi uma experiência que impulsionou o espírito de Francisco em mim. A casa, dedicada à população de rua, exemplificou o espírito franciscano ao promover uma abordagem de serviço e solidariedade. Essa vivência ressaltou a dimensão cristã da vida ao viver a compaixão e o amor ao próximo de forma prática e cotidiana, refletindo os valores de São Francisco de Assis e inspirando um sentimento de agradecimento e propósito”. (Levy Allex Vitorino)
Casa Franciscana: O projeto tem como propósito o acolhimento. Está localizado na região do Cambuci. Como resposta à emergência, distribui alimentos, 600 refeições diárias, e realiza ações de assistência social de pessoas em situação de rua, devido o aumento do grupo na região
“Colaborar junto ao Recifran foi uma experiência incrível, pois consegui observar mudança de vida dos participantes e o quanto eles prezam pela união e respeito. Estar lá e poder participar de tudo isso foi experiência inesquecível e gratificante”. (Luciano Ferreira Leite)
“Minha experiência no Recifran foi de grande valia e aprendizado. Esse serviço é um exemplo inspirador de como a inclusão social pode andar lado-a-lado com as práticas ambientais sustentáveis, possibilitando não apenas um ambiente mais limpo e saudável, mas também uma sociedade mais justa”. (Mateus Henrique Fuck)
Recifran: Iniciativa do Sefras que tem como objetivo principal proporcionar ações formativas e de inclusão para a população em situação de rua, o Serviço Franciscano de Apoio à Reciclagem – Recifran, tem promovido uma significativa mudança na vida de muitas pessoas, oferecendo trabalho decente e oportunidades de desenvolvimento.
Aproveitando a estadia em São Paulo, os postulantes realizaram também atividades culturais, como: visitas a museus, igrejas históricas, centro histórico, entre outros espaços.
O período na capital paulista foi de momentos fortes de vivência do carisma franciscano e de convívio junto à fraternidade do bairro Pari. Papa Francisco em sua catequese, disse: “A caridade é, enfim, a maior forma de amor, que tem sua origem em Deus.” – (Papa Francisco 15/05/2024). Os trabalhos realizados pelos postulantes no SEFRAS procuraram ser expressão e manifestação desse amor. Que possamos viver o Evangelho também por meio das obras sociais.
Paz e Bem!
Adriana Rabelo e Equipe de Comunicação do Postulantado: Francisco Ivon da Silva Jr e Luis Naldo Rodrigues da Conceição
Fonte: https://www.sefras.org.br/blog/viv%C3%AAncias-franciscanas-no-sefras