Vida Cristã - Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil - OFM

História

1942 – 2022– 80 anos a serviço da Paz e do Bem!

A ideia de se fundar um Seminário preparatório no norte da Província foi lançada pelos anos de 1937, no Capítulo provincial, realizado aos 11 de dezembro. O revdo. Pe. Frei Antonino Zimmermann, em primeiro de fevereiro de 1939, conseguiu que se comprasse a “Granja São Paulo”, no bairro de São Bento, que tinha um terreno de 8 alqueires. O pomar tinha 1.365 pés de laranjeiras. A construção ficou a cargo do revdo. Frei Edgar Loers, guardião do Convento de Guaratinguetá. Deu-se início à construção em 22 de abril de 1941. A pedra fundamental recebeu a bênção, em 28 do mesmo mês. Já em 1º de março do seguinte ano, fez-se a inauguração, embora parcial do novo Seminário. Num agradável texto, Frei Matias Heidemann descreve a chegada dos primeiros alunos que vieram do Convento Santo Antônio, Rio de Janeiro, e se juntaram à turma que veio de São Paulo.


“Raiou finalmente o dia da partida: 23 de fevereiro, segunda-feira. Dez meninos estão reunidos no Convento Santo Antônio, do Rio. Estão ansiosos por conhecer o Colégio Seráfico Frei Galvão, de Guaratinguetá, onde irão, continuar, uns, começar, outros, os estudos preparatórios que terminarão com o exame de admissão para o curso secundário do Colégio Seráfico S. Luiz, de Rio Negro. Querem ser franciscanos. Ei-los todos no trem com suas malas e pacotes! Às sete horas em ponto, da monumental e imponente Estação Pedro II, parte o rápido. Os meninos estão vivos, alegres; conversam e cantam. Estão exuberantes. Já não sentem saudades dos pais e irmãozinhos que deixaram, pois estão com os “freis” e, em breve, estarão em “casa”. Sete horas de viagem pelo estado do Rio e de São Paulo adentro, seguindo, em grande parte, o rio Paraíba do Sul. Agora vem Guará. Os meninos correm às janelas. Querem ver o Colégio. Como será, como não será? Será belo, será feio? Será alegre, será triste? Para crianças que não refletem, as primeiras impressões calam fundo na fantasia delas. Se as impressões são boas, tudo vai bem; mas se embirram, se lhes não agradam a casa, o lugar, os companheiros, vai tudo água abaixo, alegria, entusiasmo e até, a própria vocação que neles é um desejo, sim, mas vago, impreciso, indefinido.

“Lá está ele, o Colégio, no alto de uma colina, à esquerda de quem vem do Rio. “Que bonito”! dizem os meninos. Frei Dídimo está com uns 15 pequenos, à beira da estrada. Vão as primeiras saudações. Mas o Colégio é mesmo uma beleza!     


“Isto feito, os meninos, desaparecem. Para onde foram? Correram para fora com “os velhos” da casa. Querem ver e conhecer o seu “campo de ação”, para o ano escolar que se inicia. Seguimo-los. Lá estão eles percorrendo os caminhos da chácara. Quantas laranjeiras! Mil e trezentos pés é o que nos informam. Que bom! Não faltarão laranjas. E lá? Bananeiras… nem podiam faltar. Correm adiante: um canavial… “Hopa, temos cana!”… e já alguns tinham uma na mão. No primeiro dia a gente “não vê” nada. Deixá-los, pois!


“Entrementes, o sr. Artur, ótimo cozinheiro-mor do Colégio, preparou-nos uma boa feijoada, arroz e carne. Almoçamos às três da tarde. Ao entrarmos no refeitório, ficamos admirados. Que sala esplêndida! Há lugar para 120, e mais alunos. Ainda não há mesas. Estas só chegaram à tardinha e, ainda assim, são provisórias, porque as encomendadas chegarão mais tarde. Cada um toma o seu prato e se arranja. Silêncio! São três da tarde e a fome é muita.


“Depois do almoço, visitamos a cozinha. O sr. Artur está radiante. Isto é que é cozinha: clara, espaçosa e arejada. Trabalhou um ano na cozinha do Grêmio Fr. Rogério, em Petrópolis; não era má, mas aqui é outra coisa, embora não haja luxo. Da cozinha passamos pelo futuro refeitório dos padres e fomos ver os quartos. São agradáveis, bem arejados e muito claros. Ainda não há portas no Colégio. Acabam de chegar neste instante, mas já no dia seguinte estão colocadas as principais. É assim que trabalha frei Edgar, o revmo. P. Guardião de Guará, o incansável, o dinâmico, o construtor chefe, o motorista do Colégio(…)


“Domingo, dia 1º de março, é o dia da inauguração. Não há festividades. A inauguração solene oficial será feita somente quando terminado e instalado todo o edifício. (…) Estavam presentes 37 alunos. No mesmo dia chegaram 7 de Minas, com o revmo. P. Procurador das vocações, fr. Alberto e, de São Paulo, mais 2 vieram no dia seguinte. Terminando a homilia, o Pe. Def. Fr. Ernesto, diretor do Colégio Santo Antônio, de Blumenau, colocou o novo Colégio sob a proteção de São José.”


“Na estação, o Revmo. P. Reitor fr. Câncio, espera-nos com um caminhão. E lá se vai o carro, levando a meninada, devorando os três quilômetros de distância que separam a estação do Colégio. Sobe agora a colina. Que alegre, soberbo, que lindo panorama temos ante os olhos! A nossos pés, serpeando caprichoso… o Paraíba; vai levando as saudações de todos os meninos para todos os entes queridos que eles deixaram no Estado do Rio e que ele banha, fertilizando as terras do imenso e rico vale que lhe recebe o nome. Ao longe, no horizonte, azulada pela distância, está a Serra do Mar. Por ali, naquelas montanhas, é Campos do Jordão, a Suíça do Brasil. Bem mais para a direita, por aquele corte da serra, vai-se para São Lourenço.


Estamos à porta do Colégio. Os paulistas, que chegaram, há duas horas vêm nos receber. Encontraram-se muitos conhecidos do ano passado, que estavam no Grêmio Frei Rogério, em Petrópolis. Entramos. A parte superior do Colégio está toda em obras, cheia de andaimes e material de construção. Fomos logo informados: só está pronto o andar térreo, do lado do rio e da estrada. Para lá nos dirigimos. Malas, pacotes etc, tudo vai para o dormitório, até que os armários encomendados estejam prontos, o que não demorará, possuindo, então, cada um, o seu armário. O dormitório é uma sala grande com vista belíssima para o rio e para a serra distante. Em filas de três, estão nele alojadas 50 camas. A cada menino é indicada a sua.

O Seminário Menor encerrou suas atividades em 1965, quando a Província da Imaculada começou uma nova experiência: o SEVOA – Seminário de Vocações Adultas, onde os candidatos à vida religiosa franciscana com mais de 18 anos eram preparados durante um ano para ingressarem no Noviciado, em Rodeio/SC. Aqueles que não tinham o Colegial completo, faziam a conclusão do curso nas escolas da cidade. O estudantes do Seminário de Agudos/SP, que concluíam o Segundo Grau, também seguiam diretamente para Rodeio.


A partir de 1990, a Província mudou o processo de admissão à vida religiosa. O candidato passou a ter um ano de Aspirantado, no Seminário de Luzerna, e o Seminário Frei Galvão passou a abrigar o Postulantado unificado: os aspirantes de Luzerna e Agudos fariam um ano de preparação conjunta em Guará, antes de seguirem para Rodeio. Contudo, em 2010, houve novas mudanças, e o Aspirantado, destinado às vocações adultas, passou a ser feito de janeiro à junho em 5 fraternidades (Angelina/SC, Pato Branco/PR, Agudos/SP, Guaratinguetá/SP, Duque de Caxias/RJ) e de julho à dezembro todos os candidatos vão para Agudos, a fim encerrar o ano de preparação para o Postulantado.


Em junho de 2009 o Seminário passou a realizar um trabalho mais sistemático na acolhida aos devotos de Frei Galvão, tendo a porta da igreja sempre aberta, com a presença constante de alguém da equipe de acolhida. A partir deste ano, foram criadas novas estruturas: Exposição Internacional de Presépios, ampliação dos sanitários, construção da via-sacra franciscana, colocação de imagens franciscanas na capela e ambientação do claustro com banners sobre a vida de Frei Galvão, ao som de cantos religiosos. A equipe de acolhida composta pelos frades, seminaristas, voluntários e colaboradores buscou aprimorar as formas de acolhida e também aprofundar os conhecimentos sobre a vida de Frei Galvão, a fim de melhor acolher aos visitantes.   


Atualmente residem no Seminário frades e seminaristas, vivendo com muita fé e alegria o seguimento de Jesus Cristo, no modo de São Francisco de Assis e com o exemplo de nosso santo, Frei Antônio de Sant´anna Galvão.