Lurdinha Nunes – Jerusalém
Fr. FRANCESCO PATTON, ofm – Custódio da Terra Santa
“Cem anos é sempre uma boa meta. Quando se trata de pessoas, é uma conquista excepcional; se for sobre instituições, é meta importante; tratando-se de jornais ou revistas, é um marco significativo”.
Para celebrar este importante aniversário, um grupo de redatores e colaboradores da revista foi recebido pelo Papa Francisco no Vaticano na segunda-feira, 17 de janeiro. A frente da delegação, Fr. Francesco Patton, Custódio da Terra Santa.
“Há cem anos – disse o Custódio da Terra Santa, dirigindo-se ao Papa – o nascimento de nossa revista foi um sinal de esperança, e desejamos que a revista continue hoje a ser um sinal de esperança, narrando as sementes do bem semeadas nos sulcos escuros da história, naquela pequena porção do mundo em que a história humana se tornou a história da salvação”.
“Tornar a Terra Santa conhecida significa transmitir o “Quinto Evangelho” – disse o Papa em seu discurso, aquele que é o ambiente histórico e geográfico em que a Palavra de Deus se revelou e depois se fez carne em Jesus de Nazaré, para nós e para nossa salvação. Através dos meios de comunicação podemos enriquecer a fé de muitos, também daqueles que não têm a oportunidade de fazer uma peregrinação aos lugares santos. Podemos tornar conhecidos os povos que hoje vivem lá, para tentar construir em um contexto complexo e difícil, como o do Oriente Médio, uma sociedade fraterna”. Agradeço a vocês porque, para falar da Terra Santa, vocês se esforçam para ir ao encontro das pessoas onde quer que elas estejam. De fato, para realizar os seus trabalhos, suas pesquisas e suas publicações, vocês não se limitam aos territórios mais pacíficos, mas também visitam as realidades mais difíceis e sofridas, como Síria, Líbano, Palestina e Gaza.
Fr. FRANCESCO PATTON, ofm – Custódio da Terra Santa
É um grande impulso porque em sua própria mensagem o Papa nos lembrou como é importante que a comunicação esteja a serviço da fraternidade e do diálogo, com a capacidade de se colocar a caminho para encontrar histórias bonitas e positivas, mas também para contar, em meio às situações muito difíceis, como é a realidade daqueles que vivem na Terra Santa e em todo o Oriente Médio.
A partir da histórica peregrinação à Terra Santa do Papa Paulo VI, em 1964, a revista também documentou as sucessivas visitas dos papas: João Paulo II, Bento XVI e Papa Francisco.
Ao longo de sua história, a revista também sempre se valeu da preciosa contribuição de arqueólogos e biblistas do Studium Biblicum Franciscanum de Jerusalém, que – com uma linguagem acessível – aproximaram os leitores do mundo da Bíblia e das descobertas arqueológicas.
Fr. CLAUDIO BOTTINI, ofm – Decano emérito – Studium Biblicum Franciscanum
O Studium Biblicum nasceu três anos depois do nascimento da revista, também por iniciativa do Padre Diotallevi, o corajoso Custódio da época, e a Revista sempre teve um olhar especial para o Estudo Bíblico. Se pensarmos que a primeira notícia da abertura do Studium aparece justamente no início de 1924 na revista Terra Santa. O Studium Biblicum Franciscanum (SBF) sempre teve estudiosos bíblicos do Antigo e do Novo Testamento, estudiosos da patrologia, da antiga interpretação das escrituras, além de professores de excursões bíblicas, geografia e história bíblica.
Uma colaboração que continua até hoje, com os novos professores
ROSARIO PIERRI – Decano – Studium Biblicum Franciscanum
Creio que o nascimento da revista Terra Santa e o nascimento do Studium Biblicum Franciscanum (SBF) estão ligados. É muito interessante ler o primeiro número da revista Terra Santa, publicada em 1921, em que o padre Diotallevi escreveu o programa, na primeira página: o nosso programa é, portanto, simples e bem determinado; é manter e propagar a Terra Santa em seu verdadeiro caráter de Terra de Deus, pai de Jesus, e também da redenção humana, da qual se conservam os veneráveis lugares que são os nossos santuários. Pela coexistência e defesa (desses lugares) lutaram e combateram gerações de todos os séculos que sempre mantiveram o olhar fixo sobre esta terra de Jesus, o filho de Deus.
O interesse dos frades da Custódia da Terra Santa pela arqueologia permitiu escrever páginas extraordinárias no campo das ciências bíblicas.
Para Fr. Eugenio Alliata “há uma simbiose perfeita entre o início da missão arqueológica do Studium Biblicum Franciscanum e sua difusão na revista Terra Santa.
Fr. EUGENIO ALLIATA, ofm – Diretor Terra Santa Museu
O Studium Biblicum Franciscanum nasceu mais ou menos na mesma época da revista, a partir do movimento que buscaria olhar mais atentamente para as descobertas arqueológicas e para o aprofundamento do estudo do ponto de vista histórico e arqueológico. Portanto, pode-se dizer que o Studium Biblicum sempre usufruiu muito da presença da revista, editada em Jerusalém, para divulgar todas as notícias sobre as descobertas.
Particularmente vivas, na memória de frei Alliata, estão as escavações do Monte Nebo, na Jordânia, e os canteiros de obras onde se formaram as primeiras gerações de professores e alunos, dirigidos pelo padre Sylvester Saller e depois por Fr. Bellarmino Bagatti, Fr. Virgilio Corbo e Fr. Michele Piccirillo. Entre os nomes de destaque também o de Stanislao Loffreda. Foram eles que lideraram as escavações nos principais lugares santos e santuários da Terra Santa.
Fr. EUGENIO ALLIATA, ofm – Diretor Terra Santa Museu
Por trás de todos esses trabalhos estavam os professores do Studium Biblicum Franciscanum: não apenas como observadores, mas muitas vezes como consultores ou mesmo diretores de certas partes dos trabalhos.
Há 100 anos, a revista Terra Santa relata o mundo da arqueologia e suas descobertas nos principais lugares da Terra Santa; conta a vida dos povos, suas culturas e seus desafios. E sobretudo, testemunha a beleza da Igreja, em diálogo com as outras Igrejas e religiões que habitam esta terra.
Fonte: Vatican News