Vida Cristã - Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil - OFM

São João Batista: do ventre materno me chamou

28/06/2023

Há 60 anos, por ocasião da festa de São João, na Basílica de Latrão, em Roma, o Santo Papa João XXIII falava do precursor de Cristo, nomeando-o como a “flor solitária e tardia” de Zacarias e Isabel. A veneração do “profeta do Altíssimo” tem um caráter universal, porque interrompeu o curso do Antigo Testamento e abriu as portas do Novo.

E para celebrar a memória do Precursor de Jesus, a comunidade franciscana da Custódia da Terra Santa, juntamente com peregrinos e cristãos locais, se reuniram para rezar pelas maravilhas do Senhor.

No final da tarde do dia 24, na igreja construída no local do nascimento de João, realizou-se a solene celebração, presidida por Frei Francesco Patton, Custódio da Terra Santa.

Durante a homilia, Frei Francesco Patton destacou como “João Batista nos ajuda a refletir sobre o significado da vocação, de um Deus que chama desde o ventre materno, uma descoberta que nos torna felizes, apesar das dificuldades”. E que a missão recebida se dá sempre em relação a Jesus, ou seja, não devemos trazer ninguém para nós mesmos, mas indicar sempre à Cristo.

O Custódio também se referiu ao pobrezinho de Assis, que recebeu de sua mãe o nome de João Batista. Nome que seu pai, Bernardone, depois mudou para Francisco, em homenagem ao país onde encontrou sua esposa e sucesso econômico.

“Francisco sempre esteve ligado à figura de São João Batista. Ele sempre o viu como o exemplo de quem escolhe a penitência. Ele também o menciona em seus escritos, em uma carta escrita a toda a ordem, para destacar como João Batista tinha uma grande veneração pelo Senhor Jesus, tanto que nem ousou tocar em sua cabeça. Devemos ter a mesma veneração pelo Senhor presente na Eucaristia. O Cristo presente aqui e em todos os altares do mundo inteiro: assim adorava São Francisco. É por isso que João Batista nos ajuda todos os dias na Santa Missa, a olhar somente para Jesus”, disse Frei Patton.

João Batista também é fundamental na liturgia, segundo o Custódio, porque no momento da comunhão, pouco antes de comungar, usamos suas palavras para indicar que Jesus Cristo está realmente presente no pão consagrado. “Eis o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo.” ele diz. Então sim, João Batista também nos ajuda diariamente a receber bem o Senhor.

Frei Alessandro Coniglio, do Studium Biblicum Franciscanum, presidiu as primeiras Vésperas. Na sua reflexão explicou a ligação do Santo com os profetas do Antigo Testamento, a começar pela ligação com o grande profeta Elias, tanto pela sua tipologia, pela austeridade das suas vestes como pela sua mensagem, chamado a converter os corações dos pais aos filhos e os corações dos filhos ao pai.

“Mas depois há outros profetas nos três Evangelhos sinóticos, por exemplo quando introduzem a figura do Batista usando uma citação do profeta Isaías, Isaías 40,3: “a voz do que clama no deserto, Preparai o caminho para o Senhor”. Então João, como o profeta Isaías, é o grande arauto da Consolação para Israel, aquele que vem anunciar que o Senhor vem para redimir o seu povo, para libertá-lo do exílio, neste caso dos caminhos do pecado, da escravidão do pecado, para dar uma nova esperança ao povo de Israel. Um profeta do juízo que usou palavras incisivas: “o machado está posto à raiz das árvores e queimará a palha com fogo inextinguível.” (Lc 3, 9. 17.) Fortes imagens tiradas do profeta Malaquias, nas últimas páginas do Antigo Testamento”, disse.

Segundo ele, João retoma precisamente esta pregação de Malaquias que anunciava o juízo de Deus. Um juízo que não é apenas de condenação, mas de esperança para quem se deixa converter, se deixa interpelar.

Após a recitação das Vésperas, todos desceram à gruta onde Santa Isabel escondeu João Batista: “A tradição coloca aqui os anos de preparação para o ministério público de João após o massacre dos inocentes. É provável que ele tenha se refugiado aqui com Isabel, porque aqui os cruzados conservavam um túmulo reverenciado como o túmulo de Isabel, a mãe de João. Depois da morte de Isabel, João viveu aqui sozinho, recluso, no sentido do deserto, o que serviu precisamente como um momento de preparação para aprender a escutar a voz de Deus na sua vida e poder depois transmiti-la aos outros”, disse Frei Alessandro.

Foram dois dias de festa, dedicação e acolhida da comunidade franciscana que vive em Ein Karem.


Fonte: https://cmc-terrasanta.org/

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